Opinião

Visto, lido e ouvido

Correio Braziliense
postado em 21/05/2020 04:05

Imagens valem mais que palavras

Nestes tempos de crises agudas, dentre as diversas e graves questões que vão sendo postas diante dos brasileiros, e depois de tudo o que se tem visto até aqui em relação ao desempenho do atual governo, um fato vem chamando a atenção: a incapacidade pessoal do atual ocupante do Palácio do Planalto para exercer tarefa de tão grande relevância, ainda mais em um momento tão delicado para o país.

Nessa altura dos acontecimentos, dado o volume de problemas que se anunciam, pouco ajudaria ao país o encurtamento, por vias constitucionais, do mandato do presidente. Nem é papel da imprensa empreender movimentos nesse sentido, ocupando trincheiras da oposição, sobretudo num país onde é notório o niilismo irresponsável da maioria dos oponentes políticos. 

Essa incapacidade pessoal de conduzir o governo conforme os requisitos mínimos de postura e de liturgia do cargo, desse e de outros presidentes que o precederam, decorre e expõe de forma trágica nosso modelo de democracia, baseado em aspectos culturais que se fincam nos atributos apontados pelo historiador Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil.

De fato, nenhum outro presidente da República exemplificou, de forma tão precisa, o conceito de cordialidade, conforme descrita nessa obra de 1936. À guisa de ilustração, é preciso deixar claro o que se entende por “homem cordial”. De acordo com um dos maiores intelectuais brasileiros, Antônio Cândido (1918-2017), “o homem cordial não pressupõe bondade, mas somente o predomínio dos comportamentos de aparência afetiva, inclusive suas manifestações externas, não necessariamente sinceras nem profundas, que se opõem aos ritualismos da polidez. O homem cordial é visceralmente inadequado às relações impessoais que decorrem da posição e da função do indivíduo, e não da sua marca pessoal e familiar, das afinidades nascidas na intimidade dos grupos primários”. O atual presidente é, quase um século depois dessa análise sociológica, a personificação acabada do homem cordial.

Nesse ponto, é preciso salientar que, dentre as questões que vão sendo postas acerca do desempenho do presidente, é preciso notar que a Constituição, apesar de seu conteúdo prolixo, não poderia abrir espaços para discorrer sobre a postura pessoal necessária que seria exigida para o ocupante a cargo tão relevante. Apenas no sentido de apontar algumas tarefas cruciais e necessárias neste momento de pandemia que caberiam a um governante, que tem ouvidos abertos aos bons conselhos, é preciso destacar que, em primeiro lugar, estaria à disposição de ouvir mais do que expor ideias apressadas. Para tanto, caberia a esse governo, apenas como exemplo, percorrer o país de Norte a Sul, com um grupo formado de especialistas em várias áreas, para tomar ciência das diversas situações in loco, tomando medidas imediatas e em consonância com a realidade de cada ponto visitado e à vista de todos os envolvidos.

Nada dessas medidas básicas foram adotadas. O presidente, durante todo o desenrolar da crise, ficou retido em seu gabinete, enquanto poderia se postar como chefe da nação, visitando hospitais, vendo a realidade do país.



A frase que foi pronunciada

“As eleições comunistas são corridas de um cavalo só.”
Clement Atlle, que sucedeu a Winston Churchill como primeiro-ministro após a derrota dos conservadores para o Partido Trabalhista nas eleições de maio de 1945


Parceria
» Um pouco de Muitos — Memorizando, de Alencar Furtado é uma das fontes de frases colhidas com todo o cuidado para os nossos leitores.


Bom ministro
» Pena que os senadores provavelmente não tenham assistido a entrevista na CNN do ministro Abraham Weintraub, sobre as consequências de adiar a prova do Enem. Há muita coisa por trás desse adiamento e não é preocupação com os pobres. Veja a íntegra da entrevista no Blog do Ari Cunha.


Utopia?
» Essa dinheirama prometida aos estados e municípios só tem um destino seguro. O Portal da Transparência. Assim caberia à própria população acompanhar quanto seu estado e seu município receberam e onde foi aplicado o dinheiro. Usar a ferramenta do Portal da Transparência tendo o contribuinte como auditor parece uma ideia infalível.


Solução
» Tristeza geral a privação da alegria das festas juninas, em que a comunidade se reúne para saborear alimentos caseiros feitos com carinho. Outras regiões administrativas podem adotar a ideia da comunidade do Lago Norte, da igreja comandada pelo padre Norbey. Será uma festa on-line. Veja e inscreva-se. Está tudo explicado no Blog do Ari Cunha.



História de Brasília

No emplacamento de 62, esperamos que os táxis só sejam licenciados se possuírem taxímetro. É que está havendo abuso demais dos motoristas de praça na cobrança das corridas. (Publicado em 07/01/1962)
 
 
 
 

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