Correio Braziliense
postado em 22/05/2020 04:05
O Brasil só tem a ganhar com a prevalência do diálogo e do bom senso entre os entes federados, caso da Presidência da República e os governos estaduais. A hora é de união diante da crise de tamanha gravidade. Ontem, o presidente Jair Bolsonaro e os governadores se reuniram, de maneira virtual, depois de semanas de embates e críticas mútuas por causa da forma do combate à pandemia do novo coronavírus. O encontro ocorreu em clima de cordialidade e, de lado a lado, foram deixados para trás os ataques que haviam se tornado frequentes.
Surgiram os primeiros sinais de que o governo federal e os estados podem trabalhar juntos, de forma harmoniosa, no enfrentamento ao maior desafio sanitário, social e econômico surgido nos últimos tempos. Além dos chefes dos executivos estaduais, também participaram da reunião os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, numa demonstração inequívoca de que a participação do Poder Legislativo na elaboração de políticas públicas relativas à pandemia é de fundamental importância.
Antes, perderam-se muito tempo e energia em embates de fundo político e ideológico, que em nada contribuem para a contenção do avanço da covid-19. Isso, quando a doença causou a morte de mais de 20 mil brasileiros e de mais de 300 mil pessoas no mundo, e sem previsão de quando será lembrada como algo do passado. Como pano de fundo, a necessidade, ou não, da flexibilização do isolamento social, apontado pela comunidade médica e científica como a única forma conhecida para combater o vírus, uma vez que não existe vacina até agora e muito menos medicamento comprovadamente eficaz.
Foram semanas e mais semanas perdidas com discussões sobre qual prioridade a ser adotada: o confinamento da população para impedir a proliferação do novo coronavírus ou a abertura da economia para superar a crise desencadeada pela paralisação das atividades econômicas não essenciais. O afrouxamento da quarentena é defendido pelo Palácio do Planalto e medidas mais restritivas na economia pela maioria dos executivos estaduais.
Os governadores, cujos caixas encontram-se em sérias dificuldades financeiras, obtiveram a confirmação de que o presidente vai sancionar o projeto, aprovado no Congresso, que libera R$ 60 bilhões para os estados e municípios em quatro parcelas, além de outras iniciativas que totalizam uma ajuda de cerca de R$ 130 bilhões. A crise tem provocado uma brusca queda de arrecadação das unidades federativas e o socorro do governo federal dará certo alívio nos próximos meses. Em contrapartida, o governo federal conseguiu o compromisso de que não haverá aumento salarial para o funcionalismo público, em todo o país, até o fim do próximo ano.
Que o clima amistoso presente na reunião de ontem possa se repetir e se transformar em trégua duradoura entre o Palácio do Planalto e os executivos estaduais. Só assim será possível a adoção de uma estratégia comum na guerra contra o inimigo implacável representado pelo novo coronavírus. Tudo em benefício da população.
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