Opinião

Visto, lido e ouvido

Correio Braziliense
postado em 22/05/2020 04:05
Atenção ao que se ouve e, sobretudo, ao que se fala

Se fôssemos qualificar os homens públicos brasileiros, numa escala de valores que incluísse, além dos atributos éticos da temperança, o respeito devido a todos os cidadãos e tomando como parâmetro apenas o que dissessem em determinadas oportunidades, o quadro seria desolador, para dizer o mínimo. Frases e outras afirmações feitas ao acaso, utilizando apenas os músculos que movem a língua, sem o uso do cérebro, denotam não só a ausência de boa formação moral entre a maioria de nossos homens públicos, mas, sobretudo, uma tendência que certifica que a nossa classe política tem sido normalmente recrutada entre aqueles brasileiros refratários aos mais elementares princípios éticos.

Os chamados “deslizes verbais” tão recorrentes hoje, muito mais do que aparentemente frases lançadas a ermo contra o bom senso, traduzem um jeitinho muito próprio com que esses personagens agem no dia a dia no desempenho de suas funções. Na verdade, essas diatribes destrambelhadas e repletas de abobrinhas acabam revelando a verdadeira essência de seus emissores. São o que são e expõem isso, mesmo que não percebam, em suas falas toscas.

A lista contendo essas parvoíces, oficiais ou não, é imensa e daria para preencher bibliotecas volumosas. Fossem esses maldizeres apenas elementos para compor o imenso anedotário da política nacional, ainda assim seria um sinal de que os brasileiros têm sido, por séculos, regidos por mãos erradas, acionadas por cérebros vadios. Ocorre que, por trás de pretensa inocência, deixam escapar frases ao léu, revelam conteúdos de poucas letras e rudeza espiritual, escondem as figuras que não passam de maus gestores, alçados ao poder nas muitas encruzilhadas históricas que o Brasil encontra pela frente e que, não raro, infelicitam a nação.

Tomando como exemplo alguns desses deslizes verborrágicos mais recentes e à guisa de comprovação do que foi dito acima, duas lideranças — uma do passado, outra do presente — ganharam, mais uma vez, nesta semana, as manchetes dos noticiários de todo o país com suas pérolas falsas. Lula, o ex-presidente-presidiário, numa eterna luta entre uma língua rápida e um cérebro capenga, afirmou, com todas as letras: “Ainda bem que a natureza criou o monstro do coronavírus”. Sobre essa fala, e conhecendo como os brasileiros conhecem seu autor, não vale nem a pena analisar, serve apenas como ilustração de que esse deslize vocal revela bem quem proferiu tamanha sandice.

Outra frase, das muitas que têm sido ditas de modo dissociado entre cérebro e língua pelo atual presidente Jair Bolsonaro, na mais recente, ele voltou a brincar com coisa séria, que é pandemia, dizendo que o pessoal de direita deve tomar a cloroquina e o de esquerda, tubaína. Nesse caso também, e dada à recorrência com que frases do tipo “E daí?” são proferidas em momentos de grande agonia mundial.



A frase que foi pronunciada

“Muitas vezes, nos arrependemos de ter falado, mas nenhuma de ter calado.”
Simónides de Ceos, poeta grego, o maior autor de epigramas do período arcaico ( 556 a.C. — 468 a.C.).



Dengue
Aumentam assustadoramente os casos em diversas regiões do Distrito Federal. O governo local iniciou uma força-tarefa e  inspecionou mais de 34 mil imóveis e 72 mil depósitos no combate à dengue. Os agentes retiraram entulhos, verificaram focos e trataram 4.480 imóveis e 8.501 depósitos.



Motos
Moradores do CA, no Lago Norte, e de outras regiões com restaurantes com entrega em domicílio reclamam das motos com escapamento manipulado. O barulho é ensurdecedor e constante. Hora de o Detran agir novamente.



Bra-sil separado
Oposição e entidades entram com pedido coletivo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. “O Brasil é o único barco do mundo que enfrenta o maremoto do coronavírus com os tripulantes brigando entre eles. Não é hora de pensar no que o Brasil pode fazer por você.” Foi mais ou menos isso o que disse o ministro Paulo Guedes em uma entrevista, com toda propriedade.



Máscaras
Distribuição de máscaras, hoje, no em todos os terminais rodoviários e estações do Metrô. Ainda, de forma itinerante, nas regiões e proximidades de Ceilândia, Taguatinga, Cruzeiro, Sudoeste, Octogonal, Sobradinho, Fercal, Planaltina, Samambaia, Águas Claras, Vicente Pires, Recanto das Emas, Riacho Fundo I, Riacho Fundo II.



História de Brasília

O posto policial nas áreas verdes das superquadras trouxe um mal que vai se agravar na época da poeira: é o trânsito de carros em local não permitido. A W-1 é interrompida, mesmo de acordo com o Plano da Cidade. (Publicado em 7/1/1962)
 
 
 
 


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