Opinião

Artigo: Do que você sente mais falta?

Correio Braziliense
postado em 26/05/2020 04:05
 Navegando pelas redes sociais, deparei-me com um estímulo um tanto nostálgico que tem acontecido nesses espaços: o tal do “poste aqui a sua foto” e cada usuário completa com uma lembrança dos tempos em que não estávamos no meio de uma pandemia.
 
Tem cliques do carnaval, de praia, de aglomeração em show, de estádio de futebol. Tudo aquilo que “éramos livres” para viver e não somos mais devido ao modo rápido e violento com que o novo coronavírus se espalhou pelo mundo e nos obrigou a ficar isolados em quarentena.
 
Essa brincadeira me fez pensar do que sinto mais falta. Há uma série de coisas. As conversas ao vivo. Os encontros com amigos e familiares. Sair para bater perna no shopping ou numa feira, mesmo que seja só para olhar. Estar fisicamente no trabalho e na academia. Tomar um café ou uma cerveja fora de casa. Planejar a próxima viagem. E ir a um show. Este último é o que mais me dói, porque sei que as apresentações, algo que sempre gostei e frequentei desde a minha adolescência, estão lá no fundo daquela lista de atividades que voltarão ao normal.
 
Especialistas procurados pelo Correio ao longo da pandemia divergem sobre a data de retorno. Mas a maioria acredita que grandes eventos, incluindo shows, fiquem apenas para 2021. Um artigo publicado no The New York Times, Zeke Emanuel, vice-reitor de iniciativas globais, diretor do Healthcare Transformation Institute da Universidade da Pensilvânia e especialista em bioética, estima a volta de apresentações apenas em setembro do ano que vem, no mínimo.
 
Para matar minha saudade, aposto nas lives e agradeço aos artistas que estão lançando discos em versão ao vivo, gravados, claro, antes da pandemia. Ouvir os backing vocals e os gritos e os aplausos da plateia dão certo alento ao meu coração saudoso das sensações de um show ao vivo.
 
Ainda inspirada por outro desafio das redes sociais, que pede aos usuários que postem a última foto do rolo de câmera antes da quarentena, encontrei mais elementos que comprovam a minha saudade. Trata-se, na verdade, de um vídeo gravado em 3 de março, dentro do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, no show da banda californiana Maroon 5. O vocalista Adam Levine canta acompanhado do coro o sucesso She will be loved.
 
Tudo isso me faz pensar que o que eu mais almejo na vida pós-quarentena é ir a um show. Quando for seguro, claro. Porque, de alguma forma, me aglomerar num estádio, num estacionamento ou até mesmo num teatro me reconectará com aquele mundo antes de 11 de março de 2020, quando os decretos de isolamento começaram em Brasília. E você, do que sente mais falta?
 
 

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