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Correio Braziliense
postado em 28/05/2020 04:05
Redes antissociais

Com a decisão, tomada nessa quarta-feira (27), autorizando buscas e apreensões contra aliados do presidente Jair Bolsonaro, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), abriu mais um capítulo no conturbado e delicado mundo das mídias sociais. A questão é tão polêmica e surpreendente quanto o próprio ambiente virtual, em que mentiras, intrigas, difamações e mesmo verdades convivem de forma caótica, concorrendo, com igual potencial, para provocar estragos bastante concretos no mundo real.
 
A entrada das redes sociais no ambiente político das campanhas eleitorais e dos mandatos, principalmente no Brasil, onde normas e leis não exalam a capacidade de se fazer cumprir, não poderia resultar em nada diferente do que está aí exposto. Num país onde o fenômeno da difamação é fato histórico, percorrendo todo o nosso caminho desde a chegada de Cabral em 1500, o advento das mídias sociais, originária de um planeta virtual, veio para embaralhar ainda mais nossa trajetória política e, desde então, tem sido usada não como mais uma ferramenta de construção de nossa democracia, mas como arma para erguer e enterrar aliados e opositores ao simples apertar de um botão ou ao acionar um robô.
 
O que o ministro Moraes enxerga agora como uma real associação criminosa, comandada a partir do chamado Gabinete do Ódio, instalado no Palácio do Planalto, é, na verdade, um novo modus operandi de se fazer política, segundo o receituário brasileiro de sempre, somente substituindo a pena pela tecnologia de hoje. Trata-se de um problema novo, que exige uma nova e adaptada abordagem legal para deter abusos — que ninguém nega, são abundantes e contínuos.
 
Candidatos como o presidente, eleitos, principalmente, com a ajuda desses novos mecanismos virtuais, passam a necessitar também desses mesmos meios para se manterem vivos no mundo real. E esse é um problema originário do mundo virtual que necessita providências urgentes no mundo concreto e real.
 
Não é segredo para ninguém que o atual presidente da República tem, nas mídias sociais e na interlocução que mantém nesse ambiente, seu principal pilar e suporte político. Não por outra razão, esse setor foi confiado diretamente a um de seus filhos, que exerce a função como uma espécie de ministro das comunicações fantasma. A operação desta quarta-feira, ordenada pelo STF, mira justamente a indústria de fake news e, mais precisamente, os conteúdos dessas mídias com ameaças claras à Corte e contra todos aqueles pespegados com o rótulo de opositor ao governo.
 
A divulgação de mensagens de ódio, de subversão e de incentivos à quebra da normalidade institucional democrática estão entre as razões que levaram a mais alta Corte do país a dar início a uma contenda opondo o mundo real das letras jurídicas ao universo tênue e melífluo das redes sociais, o que, de certa forma, traz de volta a luta onírica de D. Quixote contra os moinhos de vento, vistos como dragões poderosos.
 
No âmbito do Inquérito 4.781, o ministro e relator desse espinhoso caso mira, no atual momento, o coração e a base de sustento virtual do próprio governo, entendido pelo magistrado como uma organização criminosa que opera com a ajuda de robôs. Se a verdade está acima de tudo, que venha.
 
» A frase que foi pronunciada
 
“Dinheiro só vai onde volta mais gordo.”
Tancredo Neves, político brasileiro 
 
Na ponta do lápis
Quando um casal decide rever as contas e prioridades a pagar, até a escola das crianças sai da lista se houver alguma dívida bancária. Os encargos são exorbitantes e, apesar de todas as leis e regulamentações proibirem, o juro sobre juro permanece de forma velada.

No papel
Para se ter uma ideia em números, as multas, os juros e os prazos até o corte de serviço são monitorados. Cheque especial, por exemplo, tem os juros regulados por diretrizes do Conselho Monetário Nacional. Desde janeiro deste ano, ficou proibido que instituições financeiras cobrassem taxas acima de 8% ao mês pelo serviço. Ao ano, equivalem a 151,8%, um valor estratosférico em tempos de pandemia.

Pesadelo
Deixar de pagar o cartão de crédito é a pior das ideias. Segundo o Banco Central, a taxa de juros do rotativo, pagando no mínimo 15% da fatura no vencimento, os juros podem alcançar a marca de 790% ao ano.

No mais
Em comparação com os juros cobrados pelo banco, o atraso por um mês na conta de internet ou de celular é de 2% do valor total da fatura, mais a correção monetária e mora, que não ultrapassa 1% ao mês. A multa pelo atraso da conta de luz é de, no máximo, 2% do valor da fatura. Correção monetária, juros e mora obedecem ao limite de 1% ao mês. 
 
» História de Brasília 
Em frente à Rádio Nacional, há um poste de madeira ameaçando cair. A solução que encontraram foi colocar um fio de sustentação (pasmem) com a base presa exatamente no meio da calçada, impedindo o trânsito de pedestres. (Publicado em 8/1/1962) 
 
 
 

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