Correio Braziliense
postado em 29/05/2020 04:05
A democracia atada num pau de arara
No longo roteiro seguido pelos governos venezuelanos de Hugo Chaves e de Nicolás Maduro até a implantação total da ditadura farsesca e sanguinária naquele país, os episódios de perseguição e ameaça a uma parcela da imprensa, que se mostrava crítica e temerosa sobre o desenrolar dos acontecimentos, foram numa crescente que prenunciava, seguramente, que o ovo da serpente, que vinha sendo chocado por etapas, encontrava-se prestes a romper. Vale lembrar que os fatos divulgados eram de chocar o mundo.
Enquanto a população passava fome, Maduro, nababescamente, fartava-se em restaurantes que cobravam o que grande parte do seu povo não tinha condições de ter nem por anos de trabalho. Hugo Chaves, em duas décadas de liderança, pautadas na revolução bolivariana, deixou pegadas da corrupção de seu governo com cifras divulgadas pela mídia que beiravam US$ 450 bilhões.
No início, as ameaças desses dois déspotas eram feitas de modo velado, procurando criar medo entre os jornalistas e o temor de que, a qualquer momento, algo de ruim aconteceria com eles ou com seus familiares. Depois, essas intimidações passaram a ser executadas, colocando os mecanismos de controle do Estado para esmiuçar e perseguir a vida pregressa de jornalistas e de empresários da comunicação.
O fisco daquele país e os órgãos de inteligência eram direcionados para espionar cada movimento dos profissionais, enquanto os ratos roíam as roupas da população desesperada. Empreendiam escutas telefônicas, seguiam os profissionais da comunicação pela cidade e, não raramente, deixavam-se mostrar que estavam realizando todo esse trabalho sujo e que nada adiantaria procurar proteção contra essas invasões de intimidade.
Acuados, restavam aos jornalistas mais corajosos recorrerem às organizações internacionais de imprensa e às cortes estrangeiras para cessar as ameaças às integridades de cada um. Tudo em vão. Não havia nada a fazer, a não ser protestar e ouvir do governo que essas ameaças simplesmente não existiam, sendo fruto da imaginação fértil daqueles que escrevem.
Passou-se a uma fase mais aberta e descarada, em que as ameaças se convertiam em agressões físicas e ao patrimônio dos jornalistas. Na sequência, os poucos que ainda resistiam em nome da liberdade de imprensa perdida, mas não olvidada, as agressões consumaram-se em prisões, desaparecimento e mortes. Para dar um verniz natural para aquilo que nunca será natural e aceito, o governo facínora plantava no meio da população a narrativa de que aqueles que haviam sido presos, desaparecidos ou mesmo mortos em acidentes, o foram por escolha própria, porque ousaram difamar a pátria e seus mais altos valores.
A fim de criar um ambiente favorável às medidas duríssimas que impunha ao que restou de imprensa crítica, o governo venezuelano insuflava a população contra esses profissionais, mentindo e propagandeando que eles faziam parte de uma elite que planejava destruir o país e o governo popular. Aliás, a mentira é a palavra-chave, enxertos em textos alheios também funcionavam como cerceamento à liberdade de imprensa. Essas eram as estratégias mais viáveis enquanto a corrupção continuava a passos gigantescos.
Esses dois ditadores suspeitos de serem um dos maiores corruptos que a América do Sul abrigou, incitavam a população inculta e fervorosa a atacar os jornalistas e qualquer órgão de imprensa que ousasse tecer comentários sobre a real situação do país, escondida de todos por longos discursos diários, repletos de ilusões e fantasias. A história conta que os déspotas roubavam, matavam e destruíam.
Jornais e canais de televisão e rádios independentes foram depredados, seus proprietários, presos ou exilados. Propriedades foram confiscadas. A imprensa livre simplesmente desapareceu do horizonte. Obviamente que todo esse roteiro de horror seguiu o receituário prescrito pelos milhares de consultores, importados de Cuba, que passaram a ensinar aos novos tiranos do continente os mecanismos para colocar um fim na diversidade de opinião, tão nefasta àqueles que almejam a tirania de um Estado absoluto. Nada diferente do que foi perpetrado contra outros povos, em outros tempos e que resultaram no banho de sangue que se seguiu. Já no Brasil, país sui generis, o corte abrupto da corrupção tem catalisado o ódio, a revanche e até facada. Até agora nada disso deu certo.
A frase que foi pronunciada
História de Brasília
Mesmo depois do escândalo, mesmo depois do roubo, a Novacap ainda não instalou as câmaras frigoríficas no Supermercado UV-2. (Publicado em 8/1/1962)
A frase que foi pronunciada
“Curar a doença britânica com socialismo era como tentar curar leucemia com sanguessugas”.
Margaret Thatcher, ex-primeira ministra britânica
Lembranças
» Maria do Barro foi secretária de Ação Social na década de 1980. Uma mulher que marcou a vida de muita gente pela forma com que trabalhava. Quem precisava de tijolos ajudava a fazer as telhas. Se pedisse telhas a ela, era convidado a ajudar na horta comunitária. Todos se sentiam úteis, necessários e capazes. Descobrimos um vídeo simples, feito pelos que conviveram com essa mulher extraordinária. Veja no Blog do Ari Cunha.
Da capital
» Campus Party em Brasília será o centro brasileiro da primeira edição on-line. Desta vez, o maior evento de tecnologia e conectividade terá mais de 30 países acompanhando virtualmente as atividades.
História de Brasília
Mesmo depois do escândalo, mesmo depois do roubo, a Novacap ainda não instalou as câmaras frigoríficas no Supermercado UV-2. (Publicado em 8/1/1962)
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