Opinião

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Correio Braziliense
postado em 03/06/2020 04:14
O que virá depois?

Uma das questões mais importantes neste momento e postas sobre a mesa de várias lideranças pelo mundo afora diz respeito às relações de trabalho e como se darão os processos de produção de bens e serviços, tanto na prestação de serviços públicos quanto — e, principalmente — na iniciativa privada, que é, na verdade, a grande produtora e o motor de geração riquezas de um país.

Vislumbram, em outras partes do planeta, menos por aqui, devido ao conjunto de crises paralelas, criadas artificialmente, a possibilidade de mudanças radicais que virão nas relações de trabalho em todos os níveis. Isso engloba também assuntos como a extinção de alguns modelos de serviços, bem como a criação de outros tipos, com mudanças que afetarão ainda mais a especialização de trabalho, e que, aqui, eram pouco explorados. É dado como certo, em muitos países, que o que pensamos hoje em relação à produção de bens e de serviços pode não ter acolhida certa num mundo pós-pandemia.

De previsível e certo, o que se espera para imediatamente após a crise de saúde, é aumento generalizado da pobreza em todo o mundo e, particularmente, em países com o nível de desenvolvimento do Brasil. E isso inclui, obviamente, todo o continente sul-americano. A questão ainda em suspense é saber até quando o mundo estará submetido a essa doença, o que inclui, também, as dúvidas quanto ao que se anuncia como sendo uma verdade: uma segunda onda de contaminação, o que muitos cientistas estão prevendo para acontecer em seguida.

Claro que, dentro de um quadro de mudanças, a maneira de produzir terá influência direta na forma do consumo. Pesquisadores são unânimes em reconhecer que não haverá a tão esperada normalidade até que haja a disponibilidade de medicamentos absolutamente seguros.

Desde a pré-história é sabido que os humanos só colocam a cabeça para fora da caverna quando estão certos de que o perigo externo passou. Isso não será diferente hoje. Há, nessas questões prementes, itens que podem complicar ainda mais todo o quadro, como é o caso do complexo e interligado sistema financeiro e que está por trás das economias em todo o mundo. Trata-se de um mecanismo delicado, assentado em algo frágil, como papel, e que terá necessariamente que buscar lastros reais para subsistir nos novos tempos.

A priori, o que os economistas estão de acordo, é de que é preciso, no momento, preservar empregos e renda. O estímulo à economia depende disso. Como em toda e qualquer crise do passado, as pessoas e os governos foram apanhados de surpresa. Do contrário, teriam diminuído as consequências desse e de outros contratempos do passado.

O teletrabalho, anteriormente desprezado pelas autoridades como ferramenta de produção, encontra-se hoje em pleno avanço no Brasil e em outros países, aplicado em todas as áreas, mostrando uma capacidade enorme e inusitada para a geração de bens e serviços, economizando e otimizando antigos modelos de produção.

O que não se pode mais descartar hoje, e que poderá significar um aprendizado histórico, é quanto à questão da plena saúde da população, não da parcela mais rica que pode contar com planos de saúde, mas, principalmente, das camadas de renda mais baixa e que representam a grande massa de trabalhadores responsável pela movimentação do grosso da economia e que são a base de sustento do país.

Se mudanças vierem de fato para revolucionar a sociedade e o modo de produção e consumo, terão, obrigatoriamente, que começar por uma transformação profunda e eficaz em todo o sistema de saúde pública. Nesse setor, as mudanças terão que ser radicais, com uma supervalorização do SUS, o que englobará o fortalecimento das universidades voltadas às ciências da saúde, das pesquisas, passando, inclusive, por um forte incremento da indústria de produtos medicinais, sobretudo, daqueles com suporte direto do Estado.




A frase que não foi pronunciada

“Será que há alguma relação do ouro roubado no aeroporto de Guarulhos em setembro de 2019 com a covid-19?”

Filósofo de Mondubim,
de onde estiver, com mania de perguntar. Como todos os filósofos devem fazer.



Nada
» Transeuntes na Rodoviária estranharam um aparelho que capta a temperatura corporal e reconhece rostos sem máscaras. Curiosos, viram que o equipamento é chinês, mas o secretário de Cidades, Fernando Leite, esclareceu que não custou nada para a cidade.


Aporte
» Nota legal liberada. Os resgates em dinheiro, em tempos de crise serão maiores, segundo a Secretaria de Economia. O prazo para inscrever a conta-corrente ou a poupança para depósito até o próximo dia 30.




História de Brasília
Os planos do Ipase para este ano incluem a construção de mais de trezentos apartamentos em Brasília. Os outros institutos ainda não se pronunciaram quanto ao Distrito Federal. (Publicado em 9/1/1962)




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