Correio Braziliense
postado em 06/06/2020 04:05
Pandemia
Estamos no olho do ciclone. A maior tragédia que atingiu nosso país está devastando uma população desgovernada, entregue ao heroísmo dos médicos e dos profissionais da saúde. Quem deveria nos governar, mergulhado na contramão da ciência, é a maior ameaça à saúde dos brasileiros. Joga contra. A pandemia põe à prova nossa humanidade. Nunca tantos, ao mesmo tempo e por tanto tempo, vivem o medo da morte. Apesar do medo, da dor e do luto, a espécie humana sendo movida à esperança, sabemos que a ciência, incansável, vencerá esse vírus, como venceu outros. Se formos capazes agora, como seres humanos e como cidadãos, a solidariedade dirá se esse mundo tem alguma chance de vingar amanhã. Somos capazes de gestos que têm e dão sentido ao nosso dia a dia. O grau zero da nossa resistência é nos cuidarmos, porque, assim, estaremos também cuidando dos outros. Talvez nem percebemos o valor dessa dimensão solidária no que parece ser apenas autodefesa. Ficar em casa salva vidas. Devemos socorrer os vulneráveis, com os recursos disponíveis, cada um na medida das suas possibilidades, numa corrente de apoio à sobrevivência dos mais fragilizados. Todos esses gestos, afirmando o valor de cada vida, ajudam não apenas quem precisa, ajudam também cada um de nós, arrancam-nos da situação de vítimas paralisadas pelo medo, devolvem-nos à condição de pessoas ativas e reconstroem por dentro a nossa humanidade. Ou a solidariedade afirma-se agora, no auge da pandemia, como uma convicção moral e uma virtude cívica, ou não será depois que esse sonhado mundo melhor se realizará.
» Renato Mendes Prestes, Águas Claras
» Sou médico há 47 anos e me orgulho da profissão e de meus colegas. Porém, sinto-me envergonhado das entidades médicas — CFM e CRMs, AMB, Federação Nacional e sindicatos — que se calam, por cooptação ou por pusilanimidade, quando o Ministério da Saúde é ocupado por militares e por ideias antissanitárias em plena pandemia.
» Sylvain Levy, Asa Norte
» Tudo na vida tem um contraste: do claro com o escuro, do magro com o gordo, do calor com o frio. Enfim, tanto eu quanto você poderíamos citar uma infinita relação, que encheria páginas e páginas de um livro. Essa pandemia que assola o mundo, nos encarcera dentro de quatro paredes ou entre muros de quem tem o privilegio de morar em casas. Esse encarceramento nos traz à tona outro tipo de contraste: união familiar x brigas de casais, ou irmãos. O noticiário nos mostra o lado ruim, que é a contagem de infectados e mortos, pouco falando de quem foi curado e ficam imunizados, bem como o foco da doença que ainda está para chegar, com mais uma leva de contaminados. Mas será que, para tanta perda de vidas, não aparece um contraste? Aguardem, pois toda briga de casais há a reconciliação, ou há aqueles que não brigam para contrastar com o acima falado. Sem sair para comprar preservativos ou anticoncepcionais, o contraste das mortes vai acontecer em nove meses, quando os nascimentos serão em número bem maior do que as perdas, e o mundo continuará superpovoado.
» Ruy Telles, Sobradinho
Decepção
Durante 13 anos, escrevi contra os governos petistas. Não tinha quase nada de bom que merecesse ser relatado. Foi um período que não deixou saudade. Os políticos do Partido dos Trabalhadores estressaram parte da população brasileira, ou seja, a parcela que tinha juízo para entender que o nosso país estava sendo empurrado para o abismo. Libertamo-nos daquele sofrimento. Com o então presidente Temer, o clima ficou mais ameno, não tinha tanto barulho. A nossa carga de estresse ficou um pouco mais leve. Eu pensava que, após as eleições de 2018, teria excesso de boas coisas no mundo político para relatar nas minhas cartas. Lamentavelmente, isso não aconteceu e, pelo jeito, não acontecerá. Políticos que a gente pensava que foram lançados ao ostracismo, por não terem uma conduta ilibada, estão aí dando as cartas. Estão empoleirando em cargos em que lidarão com bilhões de recursos públicos. Ao eleitor que, como eu, acreditou que haveria mudanças, restou a decepção. Ah, voltando a falar em estresse, parece-me que a carga está ficando parecida com a dos tempos dos governos petistas.
» Jeovah Ferreira, Taquari
Bolsonaro
Em carta (5/6), leitor critica o presidente da República por ter dito “o final de todos é a morte”. Essa frase, absolutamente não tem nada de errado e nem desmerece quem a tenha dito; é de uma verdade cristalina. Agora, nas palavras do missivista: “Porém, a antecipação dela, apregoada com desdém, pelo presidente da República, é inaceitável e inacreditável.” (sic) Pura ilação maldosa! De onde tirou ele a ideia de que Bolsonaro apregoava com desdém as mortes? Meça suas palavras!
» José de Mattos Souza, Lago Sul
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