Correio Braziliense
postado em 10/06/2020 04:15
Trégua é a palavra que se destaca no pronunciamento do ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), durante lançamento de manifesto em defesa do Estado democrático de direito e do Poder Judiciário, que vêm sendo atacados, com frequência, por grupos de manifestantes pró-governo — eles pedem, em incontestável agressão à Constituição, intervenção militar no país com o fechamento do STF e do Congresso Nacional. Trégua no sentido de que as forças políticas do país se entendam dentro de um clima de respeito e harmonia, para que o Brasil possa superar, na maior brevidade, a gigantesca crise na saúde e na economia causada pela pandemia do novo coronavírus.
A nação brasileira precisa de entendimento entre seus entes políticos e autoridades constituídas diante dos desafios surgidos com a propagação da covid-19, que não é uma peça de ficção e tirou a vida de quase 40 mil brasileiros — muitos agentes públicos ainda desdenham da gravidade do momento. Toffoli pediu, referindo-se ao presidente Jair Bolsonaro, o fim de atitudes dúbias em relação à defesa da democracia em pleno enfrentamento ao novo coronavírus. “Essa dubiedade impressiona e assusta a sociedade brasileira e a comunidade internacional”, ressaltou.
Numa atitude em prol do entendimento entre as instituições da República, o presidente do STF destacou que o Brasil precisa de “paz institucional, prudência e união”, e que isso se consegue somente por meio do exercício da democracia. Necessário lembrar que o presidente Bolsonaro, em diversas ocasiões, hipotecou seu apoio a manifestantes que se colocam favoráveis a intervenções descabidas, porque inconstitucionais, nos poderes Legislativo e Judiciário.
Depois de pedir trégua entre os poderes para o combate à pandemia, Toffoli defendeu a Suprema Corte dos ataques que tem sofrido, incessantemente, sobretudo nas redes sociais, por parte de apoiadores do Planalto, inclusive com ameaças a ministros e seus familiares. Ao afirmar que o fechamento do STF ou a saída de ministros não tem cabimento, questionou: “Demitir e colocar o que no lugar? Fazer o quê? Trazer o que como solução?”.
Como bem disse o presidente do Supremo, não há espaço para “confrontos desnecessários e artificiais em hora tão difícil pela qual passa a nação brasileira. Não podemos radicalizar diferenças a ponto de tornar inviável o diálogo”. Que suas palavras ecoem nos palácios e gabinetes da Esplanada dos Ministérios para que o Brasil reencontre o caminho do entendimento e do bom senso para a solução de seus graves problemas.
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