Correio Braziliense
postado em 11/06/2020 04:16
Com a exoneração, formalizada e publicada no Diário Oficial da União, da atriz Regina Duarte do cargo de secretária da Cultura do governo federal, fica em aberto, mais uma vez, a questão um tanto antiga sobre as relações entre o Estado e a arte. Essa discussão é reforçada ainda com a decisão adotada agora pela Câmara dos Deputados de estender o auxílio emergencial para a classe artística, num texto batizado de Lei Aldir Blanc, falecido recentemente.
Sabe-se que, desde que o Brasil entrou para o mapa mundi, as relações entre a classe artística e o Estado sempre se mantiveram dentro de um quadro de dependência de tal ordem, que não seria exagero falar em uma arte estatal, diretamente financiada pelo poder público e ordenada segundo critérios ao gosto do governo de plantão. Obviamente, sempre existiu também parcela significativa de artistas e de movimentos da arte de alta qualidade, contrários às aproximações estreitas e à intervenção do Estado nesse setor.
Nesse caso, encontra-se a maioria dos artistas e de movimentos ditos marginais, dissociados do Estado e de governos contra os quais protestavam usando a própria arte como ferramenta e arma contra o establishment. No geral, no entanto, o que sempre existiu foi uma relação estreita entre os governantes e muitos artistas, alguns, inclusive, que não se preocupavam em esconder essa simpatia, como tudo no poder, erigida à base de interesse pragmático e argentários.
Para os governantes, o uso da imagem de artistas, mais do que uma estratégia de marketing político é uma fórmula, um tanto fake, de humanização do poder, conferindo maior proximidade entre aqueles que estão no cimo, com aqueles que vivem e penam no limbo. Essas relações íntimas e interesseiras entre artistas e o poder se deram tanto com a esquerda quanto com a direita, dependendo, apenas, do gosto pessoal de cada governante.
Durante o período militar, essas relações próximas também aconteceram como forma de dar uma feição popular às elites dirigentes, numa tentativa de apresentar uma face humana e lírica dos mandantes, tudo dentro de um quadro previamente montado para tornar a aridez abiótica do poder um tanto palatável. A criação das diversas instituições estatais voltadas à arte, como a Embrafilme e outras do gênero demonstra essa relação perpétua de dependência econômica entre os artistas e os poderosos, mas que, ainda assim, foram capazes de produzir trabalhos de interesse e de qualidade.
À falta de mecenas, os artistas nacionais tiveram que bater às portas dos palácios em busca de financiamento e outros tipos de apoio, situação constrangedora, mas condição sine qua non para sobreviver de arte num país formado, historicamente, em sua maioria por pessoas incultas e avessas a “coisas” como artes e outras criações do gênio humano.
A frase que foi pronunciada
A frase que foi pronunciada
“A morte deveria ser assim: Um céu que pouco a pouco acontecesse. E a gente nem soubesse que era o fim.”
Mário Quintana, poeta brasileiro
Inovação
» Veja no Blog do Ari Cunha uma análise de tuítes dos senadores brasileiros em relação à violência doméstica. O relatório elaborado pelo DataSenado, pela OMV e pela Secretaria da Transparência levou em conta as postagens dos parlamentares entre os dias 1º e 31 de maio. Dentro do item “quantidade de tweets por perfil”, a senadora Rose de Freitas desponta em primeiro lugar com 24 posts. Em seguida está a senadora Zenaide Maia, com quatro tuítes. A Insite Analytics coletaria a resposta desses tuítes com algorítimos para captar sentimentos de angústia e ansiedade.
Pausa
» Silvestre Gorgulho posta Fernando Pessoa como se nos tivesse ensinando lições da pandemia. Veja no Blog do Ari Cunha.
Porteiro
» Foi entregue no residencial Ari Cunha, na SQN 311, material sobre a vida do colunista.
Escolas
» Cláudio Nelson Brandão, subsecretário de Infraestrutura e Apoio Educacional, está satisfeito com o andamento das obras nas escolas públicas durante a pandemia. “O governo intensificou as reformas, aproveitando a ausência dos alunos, e conseguimos dar um ritmo melhor às obras”, explicou.
Leitura
» O time do Clube de Autores selecionou cinco livros para as pessoas que querem entender um pouco mais sobre o racismo. Veja no Blog do Ari Cunha.
História de Brasília
Helder Martins é o nome do repórter que escreve a reportagem mentirosa sobre Brasília. Helder de Souza é do Correio Braziliense. Vai a propósito de um esclarecimento esta nota, que se fazia necessária, porque é grande o número de pessoas indagando se foi o secretário do Correio Braziliense quem escreveu amontoado de mentiras. (Publicado em 9/1/1962)
História de Brasília
Helder Martins é o nome do repórter que escreve a reportagem mentirosa sobre Brasília. Helder de Souza é do Correio Braziliense. Vai a propósito de um esclarecimento esta nota, que se fazia necessária, porque é grande o número de pessoas indagando se foi o secretário do Correio Braziliense quem escreveu amontoado de mentiras. (Publicado em 9/1/1962)
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