Opinião

Visto, lido e ouvido

Um lenda cotidiana

Correio Braziliense
postado em 13/06/2020 04:13

Passado o período mais agudo da pandemia, quando o mundo começar, finalmente, a ensaiar uma volta à normalidade, dentro de novos padrões previstos, é que vamos nos certificar de que países se saíram melhor na quarentena. Por certo, serão notadas diferenças óbvias entre aqueles que seguiram as receitas científicas para um regresso seguro, sem prejuízos elevados em vidas e nas finanças, e quais foram as nações que, por circunstâncias adversas, preferiram afrontar as evidências, nadando contra a maré e desafiando abertamente a morte, numa coragem do tipo inconsequente e burra.

No geral, serão os países desenvolvidos que melhor emergirão da pós-pandemia, não apenas por contar com uma economia mais sólida, mas, principalmente, pelos índices mais elevados de educação de sua população, pela qualidade e eficiência de suas instituições públicas e, também, pela solidez de sua arquitetura democrática, distribuindo igualmente direitos e deveres a todos indistintamente. Em qualquer situação de anormalidade, saem-se melhor aquelas populações mais bem preparadas intelectualmente. É justamente essa a relação, normalmente pouco visível, entre o fator educação e situações anormais e que demonstram, na prática, como boas escolas são capazes de fornecer instrumentos adequados para o enfrentamento das vicissitudes da vida.

Pelo exposto, fica evidente que, no atual binômio pandemia-quarentena, o Brasil, mais uma vez, fará um papel vexaminoso perante o mundo. O mais triste é que o nosso país poderia, por alguns elementos que dispõe, como o SUS, sair-se razoavelmente pouco chamuscado dessa crise, com poucas mortes e com a economia também pouco combalida. Mas essa realidade exigiria de todos nós um esforço conjunto que, simplesmente, não estamos preparados para assumir. A começar pelas atuais lideranças políticas que, mesmo em tempos de aflição semelhante à guerra, demonstraram claramente ser incapazes de encontrar um caminho razoável para comandar um processo de travessia seguro pelo vale da morte.

Os desentendimentos generalizados e, muitas vezes, potencializados pelo governo central, conduziram-nos a uma situação alarmante, transformando-nos em um dos epicentros principais da quarentena. Por causa dessa incúria protagonizada pelo governo federal, pelos governos dos estados, incluindo nessa turma pouco aplicada o Poder Legislativo e mesmo o Poder Judiciário, colocamo-nos, hoje, como párias no mundo civilizado. Muitos países fizeram o que deveria ser feito: unidos, fecharam suas fronteiras aos brasileiros e a todos oriundos de países que se mostraram indiferentes ao regime firme da quarentena e do isolamento social. Indisciplinados, mal orientados e, sobretudo, mal geridos, tornamo-nos a versão, em carne e osso, daquele personagem que melhor nos identifica diante do mundo: macunaímas.


A frase que foi pronunciada
“A ambição é, entre todas as paixões
humanas, a mais ferina em suas aspirações e mais desenfreada em suas cobiças,
e, todavia, a mais astuta no intento
e a mais ardilosa nos planos.”
Jacques-Bénigne Bossuet, bispo e teólogo francês


À deriva I
» Assustada porque a diarista estava com covid-19, segundo o resultado de um exame, a dona da casa ligou para o Samu para receber alguma instrução. Se precisava notificar alguém, que providências, enfim, seriam necessárias, uma vez  que três crianças estavam em casa durante a visita da profissional. A resposta foi: se o exame deu positivo, mas ela está sem sintomas, a senhora liga no 199. A resposta do Disque Coronavirus do GDF, dessa vez, para a diarista foi: fique em casa.


À deriva II
» O que se imaginava é que as pessoas que atendem a ligações desse tipo tivessem um script e um canal direto com as autoridades para comunicar a localização da contaminada. Esperava-se uma visita para pesquisar o hábito da família, mapear a área do contágio, investigar onde poderia ter sido contraído o vírus. Nada disso aconteceu. A impressão é de que o governo está sem planejamento, sem estratégias. O empenho mesmo está nas estatísticas e na divulgação de mortes.


Memória
» No Blog do Ari Cunha, um pedacinho do programa Um piano ao cair da noite, para matar a saudade da Lúcia e do Garófalo.


Até hoje
» Dezenove anos atrás, passeando em uma feira de artesanato, lá estavam, dando os primeiros passos, Tânia Helou e Edênio de Paula. A arte do casal é transformar folhas do cerrado com uma técnica de ourivesaria, a filigrana. Um dos presentes mais delicados para surpreender alguém, enaltecendo a nossa terra.


Inacreditável
» Se o Paranoá está batendo recorde em casos de covid-19, cairia bem uma fiscalização nas madrugadas dos fins de semana. As festas vão rolar!


História de Brasília
O Lóide é uma companhia com quase 15 anos
de existência, e resultado da fusão das Linhas Aéreas
Paulistas, da Transportes Aéreos Bandeirantes Ltda. e,
mais recentemente, da Navegação Aérea Brasileira.
(Publicado em 10/1/1962)

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