Opinião

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Correio Braziliense
postado em 16/06/2020 04:05
Limites
Acompanho, com certa preocupação, as manifestações de  apoio ao governo realizadas em Brasília com a presença do presidente Bolsonaro, ministros e outras autoridades. Neste último final de semana, ocorreram também em diversas capitais, desta vez, com a participação de dois grupos com pautas distintas. Até aí tudo bem. Afinal, o direito do cidadão de  se manifestar é requisito inerente à democracia. Observa-se que a pauta do grupo contrário ao governo é focada, basicamente, na defesa da democracia e no repúdio ao facismo e ao racismo, motivado, certamente,  pela recente morte de George Floyd. Já determinados apoiadores pleiteiam mudança do status quo, com ruptura institucional, fechamento do Congresso e do Supremo Tribuanl Federal (STF),  entre outras medidas. No meu sentir, o problema central do embate reside no fato de que  alguns  apoiadores passaram a agir no anonimato, mediante envio de mensagens em massa com  ameaças de atos de violência física e de crime contra a honra e a integrantes da Alta Corte e de outras autoridades. Ora, tudo na vida tem limite, inclusive o citado direito de manifestação. Do contrário, a vida em sociedade se tornaria impraticável. Dada sua pertinência, vale lembrar o ditado: “O seu direito acaba onde começa o dos outros”. Por isso, as atitudes desses que atentam contra a lei, a vida e a dignidade de pessoas são inaceitáveis. Sendo assim, o que se espera das autoridades é que, se ficar comprovada a suposta prática de crime, seus autores sejam  exemplarmente punidos. Espera-se, também, que esses conflitos sejam logo superados, que prevaleçam atitudes de sensatez, de  harmonia e respeito à independência de cada Poder, espírito público e reconciliação fraterna a fim de se restabelecer um clima de paz e de união de todos na busca de soluções para os graves problemas sanitários, econômicos e sociais que o país atravessa.
» José Leite Coutinho, 
Sudoeste

» A simples menção de AI-5 por manifestantes verde-amarelo faz jornais estamparem editoriais furibundos contra essa atitude antidemocrática. Ontem, na Avenida Paulista, manifestantes “pró-democracia” exibiam faixa com os dizeres “em defesa da revolução e da ditadura”. Nenhuma referência na imprensa.
» Roberto Doglia Azambuja,
Asa sul


Sara Winter
Finalmente,  a baderneira Sara Winter foi presa. Basta de ofensas ao bom senso e à dignidade. Outros maus elementos da mesma corja também precisam ser punidos e enjaulados. O Brasil não pode andar para trás. Não é a casa da mãe Joana. Tem leis que precisam ser seguidas e respeitadas. Brasileiros de boa índole e trabalhadores devem sempre repudiar sandices e afrontas de malucos, levianos  e irresponsáveis. Que insultam  e ameaçam autoridades.  Grupelho nefasto que achincalha a democracia e a liberdade de expressão. Nesse sentido, é inútil à deplorável Sara Winter tentar se fantasiar de vítima. Vítima somos nós de seus espetáculos de arrogância, falta de educação, desrespeito  e histerismo.
» Vicente Limongi Netto,
Lago Norte


Racismo
Falta da ar? Não, não é sintoma relacionado à covid-19. Também não é efeito da máscara que tapa a minha boca quando preciso ir à rua. É uma sensação contínua que não se tem dia nem hora para acabar. É o racismo, que me deparo cotidianamente, doença que sufoca milhares de negros. Sou um gaúcho branquelo que teve um relacionamento com uma negra linda, simpática, dona de sorriso exuberante e encantador, mãe dedicada de três filhos. Falta-me o ar imaginar dores de tantas outras mães negras como a de João Pedro, morto em casa em plena pandemia, período onde ironicamente a recomendação era ficar em casa. E de tantos outros jovens negros que são assassinados a cada 30 minutos. Não são apenas números, são vidas, sonhos que injustificadamente são interrompidos diante de nós. Falta-me o ar quando percebo que trocam de calçada quando avistam um homem negro na mesma direção por o associarem ao perigo, ou deixam de dar um emprego para uma pessoa por sua cor de pele ou cabelo. Mas, aqui, não queremos usar o termo raça, e juramos, de pés juntos, que não “racializamos” as nossas relações sociais e que racismo mesmo é o que existe nos Estados Unidos. Ledo engano! A luta contra o racismo não é só dos negros e que deve ser, antes de tudo, uma luta dos brancos que podem usar seus espaços de privilégios para tratar do assunto se quiserem, de fato, construir a tão sonhada igualdade. Quando vimos as manifestações, como as relacionadas à morte de George Floyd, pessoas e empresas fazendo hashtags e repost citando frases do pastor Martin Luther King como se estivessem comprometidas com a pauta racial, só que não. Muitos ainda dizem viralatamente que, “lá fora”, sim, há mobilizações e movimentos negros organizados. Mas nunca pararam para ler um livro, sequer de milhares de intelectuais negros brasileiros. E se isso não está lhe sufocando, acho que temos um problema. Tudo indica que, em algum momento, a covid-19 vai passar. Mas e o joelho do racismo personalizado na bala, na inércia dos aliados, no esquecimento pós-casos midiáticos e na falta de igualdade de oportunidades? Até quando tudo isso vai continuar sufocando o povo negro brasileiro?
» Renato Mendes Prestes,
Águas Claras
 
 

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