Correio Braziliense
postado em 17/06/2020 04:04
A possibilidade de uma segunda onda da pandemia do novo coronavírus assusta o planeta, tanto pelos impactos imprevisíveis nos sistemas de saúde quanto na economia, que vem sofrendo retração histórica devido à suspensão das atividades consideradas não essenciais, na maioria dos países, desde o surgimento do primeiro caso da covid-19. O temor se materializou com o aparecimento, em Pequim, capital da China — a enfermidade fez sua primeira vítima no fim do ano passado na cidade de Wuhan, em território chinês —, de novos infectados pelo novo coronavírus. Especialistas especulam qual a capacidade real de reação das nações se houver o repique da pandemia em nível global e os cenários traçados são os mais sombrios.
Desta vez, o governo chinês agiu com presteza e tem tomado as medidas necessárias para conter um possível segundo ciclo de contaminação, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A entidade contabiliza mais de 100 novos casos da covid-19 em Pequim. As autoridades sanitárias implementaram a quarentena em mais de 20 bairros próximos a um mercado atacadista de alimentos, onde, provavelmente, surgiu o novo surto da doença. Também foram fechados espaços esportivos e de entretenimento.
A origem do novo coronavírus ainda não foi descoberta, mas especula-se que surgiu em um mercado em Wuhan, metrópole de 11 milhões de habitantes acostumados a comer carnes exóticas, como morcego e pangolim, que seriam hospedeiros do vírus. O que preocupa as autoridades sanitárias e do governo chinês é que as novas transmissões ocorreram em uma região em que o número de novos casos estava sob controle. Por isso, toda a área vizinha ao centro atacadista de alimentos foi isolada e inúmeras cidades advertiram seus moradores a não se deslocaram até a capital do país.
Nos Estados Unidos, epicentro da enfermidade e líder mundial de mortes e infectados pela pandemia, especula-se sobre a inevitabilidade de uma segunda onda de infecções. A maioria dos estados norte-americanos optou pelo afrouxamento antecipado da quarentena e a população não está seguindo as orientações de distanciamento social sugerido pelos infectologistas. Com isso, o número de casos registrados vem aumentando, progressivamente, e a discussão é quando acontecerá uma nova onda.
O Brasil, também considerado pela OMS um dos epicentros da covid-19 — o país ocupa a segunda posição no macabro ranking global de infectados, com mais de 900 mil registros e cerca de 45 mil óbitos —, ainda está em pleno combate à pandemia e não se discute a probabilidade de uma segunda onda de contágio. No entanto, ela não deve ser descartada.
Muitas cidades e estados continuam apresentando altas taxas de transmissão devido ao relaxamento da quarentena e a pouca adesão da população às regras de isolamento social. Nesse momento, todo o cuidado é pouco, quando se sabe que os efeitos da retomada das atividades cotidianas só são sentidos de duas a três semanas depois do afrouxamento do controle imposto pelos agentes públicos. Então, que a abertura se dê de forma consciente e de acordo com orientações dos médicos e da ciência.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.