Opinião

Visto, lido e ouvido

Correio Braziliense
postado em 21/06/2020 04:21

Os três poderes

Num mundo ideal, onde a raça humana agiria movida apenas pelo espírito da colaboração e da fraternidade, não haveria a necessidade de se organizar entidades religiosas, instituições político-partidárias ou mesmo forças bélicas e militares de dissuasão. Restariam fora da sociedade, as três principais entidades que forjaram toda a história da humanidade, desde que os ancestrais dos homens desceram das árvores. Obviamente, um mundo com natureza e características somente poderia existir nas regiões celestes de um paraíso inacessível. Política, religião e forças armadas representam, desde o alvorecer da humanidade, as três potências que, de certa forma, deram um curso histórico compreensível que resultaria no que conhecemos hoje como civilização. Trata-se aqui de uma tríade lentamente desenvolvida pelo gênio humano para atender, de modo satisfatório, aos três impulsos primários dessa nova espécie dotada do sentido da razão.
Tornava-se necessário compreender o mundo real e metafísico à sua volta, interferir ativamente nesse ambiente externo e muitas vezes hostil, ao mesmo tempo em que assegurava que haveria a participação e o trabalho de todos para que esses projetos fossem realizados. Para o bem e para o mal, essas três organizações conduziram a humanidade ao ponto em que estamos hoje. Não sem um custo de infinitas vidas, o que é testemunho o fato de que não existe sobre a face da Terra civilização alguma que não tenha sido erguida sobre os escombros de outras, adubadas por sangue que, muitas vezes, chegou a correr como rios.
Não seria de todo exagerado constatar então que a construção das principais civilizações humanas foi feita sobre incontáveis cemitérios. Ninguém pode negar, então, que, em nome das religiões, das ideologias políticas e graças ao poderio das forças armadas, a humanidade tem sido passada pelo fio das espadas desde sempre. Ainda hoje é assim. Se separados, esses três gênios invocados pelos homens, deixaram um rastro de grande destruição ao longo do tempo, juntos, configurando alguns modelos de Estado atuais, são mais perigosos ainda. A junção, num mesmo caldeirão, de ideais da fé, com ideologias político-partidárias e com pitadas de apelos às forças armadas, vem formando, entre nós, um caldo perigoso, cujos efeitos já são sobejamente conhecidos ao longo da história da humanidade, em todo tempo e lugar.
A sociedade, ao aceitar, pacificamente, a formação de bancadas religiosas, da segurança, da bala e de outros grupos radicais e extremistas, dentro do parlamento, acreditando inocentemente que um Estado deve se apoiar no tripé da fé, da ideologia e da força bruta, não está fazendo o que acredita ser o jogo democrático, mas preparando o terreno para a repetição do que foi visto no passado e que não deu em boa coisa.

 

A frase que foi pronunciada

"O futuro é a projeção do passado, condicionada pelo presente"
Lara Vinca Masini, crítica de arte

 

Textando
Jornalista e professor Aylê-Salassié F. Quintão publica texto sobre a preocupação com o cenário atual da política e economia brasileira.  “A realidade exige, de imediato, e, no mínimo, uma comissão, para discutir saídas para o caos que se anuncia. Os fatos mostram que existe uma crise real e outra intangível alimentada por uma cabulosa injunção política correndo em sentido contrário, cuja preocupação é saber “O que fazer para que tudo fique ainda pior?”. Leia a íntegra no Blog do Ari Cunha.

Rede Urbanidade
Uirá Lourenço comemora a decisão judicial que obriga o GDF a liberar acesso às vagas para bicicletas (paraciclos); sinalizar as rotas dos ciclistas; apresentar projetos de bicicletários e de integração das ciclovias, ciclofaixas e calçadas na plataforma inferior da Rodoviária. Nem precisava de decisão judicial. O governador é um homem viajado e já viu o respeito aos ciclistas pelo mundo.

Terrível
» Concessionárias do DF estão funcionando. Na verdade, estão abertas para receber o público que não chega.

Pandemônio
Veja no Blog do Ari Cunha a fala da ministra Damares sobre o que as escolas estão impingindo em seus alunos. Se esse escândalo continuar, em 300 anos o planeta estará desabitado. Ponto para o final.

Tempo
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Desanuvie
Dicas para um fim de semana com filmes durante a pandemia. Por falar nisso, o Cine Brasília preparou uma lista também para a criançada. Tudo organizado para você, no Blog do Ari Cunha.

 

História de Brasília

A tese peca pela imbecilidade, pela má fé, pela maneira manhosa, pelos arrodeios, enfim, pelo pulo da onça que eles querem dar. Mas, apareça, um homem que tenha a coragem de dar a todo o mundo o atestado de incompetência do povo brasileiro, como seria o caso do retorno da Capital. (Publicado em 10/1/1962)

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