Opinião

Artigo: Os maiorais de fachada

Correio Braziliense
postado em 21/06/2020 04:21
Tínhamos, neste país, um semianalfabeto insensato exercendo o cargo de ministro da Educação, um tal Weintraub, que se acha — característica de todo tolo — uma pessoa fora do comum.Mas seus colegas de universidade, da ordem de 90% acham-no estranho e arrogante. E, de fato o é, basta ver as besteiras mais rastaqueras que expele toda vez que nos dá o desprazer de ouvi-lo.

O sujeito é mesmo sem noção. A China é o nosso primeiro parceiro comercial. Sem ela, nosso agronegócio despenca. Mas, diversão do ministro é fazer piadinhas da China. Será agente do Estados Unidos (EUA), nosso maior concorrente? É possível, falta-lhe caráter antes de tudo. Além disso é covarde. Disse que se deveria prender os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Mas no inquérito do STF ficou caladinho! Bolsonaro gosta dele. Desde os romanos se diz que "asnus fricat asnus".

O poder ignaro do ministro deseducado foi barrado outra vez pelo Supremo (era seu desejo indiciar os reitores das universidades públicas brasileiras) por serem, segundo ele, os professores, alunos e funcionários (o corpo eletivo em vigor) todos comunistas... É um louco. Hoje só há comunismo em dois lugares: Cuba e Coreia do Norte, mas o esquizofrênico vê comunista em todo canto.

Ora, todos votam sejam docentes, discentes e funcionários. Assim, nas unidades de ensino superior — numa amostra de democracia incontestável — são escolhidas e capacitadas as reitorias e diretorias das universidades (por votação tripartite: alunos, professores e funcionários). Pois bem, de modo totalitário, cujo requisito principal seria o candidato declarar-se "de direita", quis o ministro nomeá-los à sua vontade a partir de ato do presidente. Quis moldar as universidades à sua imagem e semelhança como se fosse um deus romano.

O sistema vigente é democrático. Se, por acaso, embora não seja o caso (fui da Universidade do Brasil há 32 anos, em Belo Horizonte e no Rio) os reitores não lhe querem bem e são de orientação de centro-esquerda e centro, o ministro democraticamente tem o dever de respeitá-los ao revés de confrontá-los, para autocraticamente, indicar os superdireitistas com ele conluiados para impor à força as suas ideias fascistas às universidades do Brasil.

A questão é sabida. Bolsonaro e Weintraub não conseguem entrar nas universidades brasileiras, para impor paradigmas de direita, como na Itália de Salvine ou na Hungria de Orbam. As universidades brasileiras rejeitam o neofascismo do atual governo brasileiro, que se declara democrata por que foi eleito pelo voto popular, mas disso se vale para tornar o país neofascista. Quer intervir em toda parte, mas sem êxito: na Polícia Federal, nas Forças Armadas e nas Universidades. Não terá êxito nessas três instituições (nem na Receita Federal).

Agora, amigo do Centrão no Congresso que conhece muito bem, pois viveu às expensas do Poder Legislativo por 27 anos, quase no anonimato, sem fazer nada para o povo (exceto os militares de toda ordem e policiais) quer cooptá-lo. Mas não terá êxito. O Centrão do toma lá dá cá faz a política dos interesses mais jamais chegará ao suicídio político de apoiar o autogolpe de Bolsonaro. Viram como a ministra Damares se comportou na reunião ministerial que se tornou famosa pela falta de ideias e de decoro? Disse em alto e bom som que "quando fosse a hora", não agora, prenderia uns três ou quatro governadores. Para um bom entendedor duas palavras bastam. É claro que a também idiota ministra Damares espera um dia, o autogolpe e a Ditadura Bolsonarista, numa América (à exceção da Venezuela, Nicarágua e Cuba) que jamais aceitará golpes de Estado.

É nessa situação que nos encontramos, com o empresariado financiador do golpe fugindo dos porões, ante as inqueridas do STF em curso, que muitas surpresas — se preparem —- nos mostrarão.Está na hora das forças democráticas — eu pessoalmente rejeito o PT de raiz, tão ruim quanto o Bolsonarismo direitista — unirem-se em defesa do capitalismo econômico e da democracia representativa, como regime político intocável, em prol de empregados e empregadores, a bem do Brasil.

O país em 1800 tinha uma economia igual à dos EUA. D. Pedro II foi um Imperador que nada fez para arrancar o país dos senhores rurais e universalizar a educação (3/4 de século perdidos). Os mesmos senhores em Minas e no Rio (política do café com leite) mantiveram a 1ª República com ou sem Campos Sales na mesma pasmaceira. De positivo apenas a imigração, o café e as industrialização paulista que iniciou um novo Brasil.

Atuamos agora ou perdemos definitivamente o bonde da história (que saudade de Getúlio e Juscelino). É hora de iniciar um novo ciclo de nossa história, sem arreganhos autoritários e planos factíveis de desenvolvimento econômico: capitalismo e democracia. Bolsonaro não privatiza nada, é estatista. Urge a formação de uma frente democrática de centro nos partidos, no Congresso e na imprensa. Dia após dia, Bolsonaro testa as instituições. Agora pegou vento de proa com o ministro Alexandre de Moraes. Os ventos estão virando! Ainda bem!

*Advogado

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags