Opinião

Visto, lido e ouvido

Correio Braziliense
postado em 02/07/2020 04:05
Malandro laborioso

A obra erudita Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, de 1936, busca retratar as contradições históricas herdadas pela sociedade brasileira e que moldariam o caráter nacional. Poderíamos, hoje, a título de apêndice, introduzir ao lado do homem cordial, que repudia o cumprimento de leis objetivas e imparciais, figura do malandro laborioso que, mesmo ciente de que sua conduta irracional, trará malefícios a seus semelhantes e a si e que cometerá não só o desatino de praticá-la, como vai expor seu comportamento vergonhoso para o maior número possível de pessoas. Trata-se, aqui, de um personagem encontrado em quantidade expressiva em todas as camadas sociais e econômicas deste país, sempre se esmerando com grande esforço e, às vezes, com bom talento, na prática de todo tipo de crime.

Na classe política, pela exposição natural que essa função favorece, há, sempre, grande número de malandros laboriosos. Estão sempre empenhados em costuras políticas, conchavos e outros ardis próprios dessas categorias, que, lá na frente, renderão vantagens e sinecuras de grande valia. Como nada nessa vida é por acaso e de graça, esses mandriões vão se perpetuando e se reproduzindo nos altos escalões da República, graças à ação direta de uma miríade de eleitores descompromissados, que enxergam, nesses candidatos, a própria imagem e semelhança.

Nas redes sociais, nas quais a vaidade humana parece ter encontrado espaço e palco amplos, é comum encontrar esses tipos, sempre expondo o que de pior existe em nossa espécie. Um desses posts que estão circulando nas internet mostra uma família numerosa comemorando com muita algazarra e muita bebedeira o recebimento de mais um auxílio emergencial de R$ 600 do governo. Na maior tranquilidade, esses foliões fora de hora se gabam de terem torrado todo o dinheiro recebido na compra de dezenas de garrafas de bebidas alcoólicas.

No vídeo, a família de pés inchados ainda manda um cotoco de dedo para o presidente, prometendo que, no próximo pagamento, vão repetir a dose e organizar nova comemoração, dando o destino maroto a um recurso que, para muitas outras famílias, é questão de vida ou morte. São esses mesmos cidadãos e eleitores que reclamam da política e dos políticos quando a situação aperta e a calamidade põe fim aos dias de folguedos. O esforço que o malandro laborioso dispende para se manter, ao mesmo tempo, no centro das atenções e à margem da lei e da ética, só encontra paralelo entre aqueles que labutam arduamente e passam despercebidos, nada recebem de auxílio e, por isso, não acreditam que governo algum trará soluções para seus problemas.


A frase que foi pronunciada

“Tem reparado que falamos todos do próximo, como se nós próprios fôssemos umas perfeições?”

Lucien Biart, escritor francês (1828-1897)



W3
Está a todo vapor a obra no calçamento da Avenida W3. É muito importante, principalmente para os idosos, que seja possível a mobilidade sem riscos. A iniciativa merece aplauso. Veja no quadro abaixo da História de Brasília, registro de Ari Cunha . Há 58 anos, as árvores da W3 eram plantadas.


Todos
Psicologia para todos: Entendendo o trabalho do psicólogo e outros temas. Veja mais informações sobre o lançamento e como baixar o e-book gratuitamente. No Blog do Ari Cunha.


Crianças
Joailce Azevedo Waisman está em produção total durante a pandemia. Dois livros infantis, físicos, serão lançados no próximo dia 5,  pelo Zoom. Veja no Blog do Ari Cunha.


Fique de olho
Um caso interessante de saúde pública, acontecido na capital do país, é referente à leishmaniose. Ao se ter conhecimento do caso dessa doença, seria preciso comunicar imediatamente à Saúde do DF. Hoje, são tantos os casos, que os veterinários já sabem. Se algum proprietário de cão de alguns meses de vida pedir para vacinar é porque já perdeu um animal com essa doença. E mais: a Zoonose, que está doando cachorros para adoção, não entrega o animal vacinado contra leishmaniose.


Proatividade
Elogios para a CEB, que antecipou a poda de árvores que estavam encostando na fiação pela cidade. Agora, é o momento de prevenção contra as queimadas no cerrado. Mais um mês, e as notícias de incêndio vão começar.


Monitor Mercantil
Leia no Blog do Ari Cunha a opinião de Maria Lucia Fattorelli sobre a desigualdade social e a ausência de democracia.



História de Brasília

Inicia-se, hoje, o plantio de árvores na W3. É a transformação da cidade, é o ingresso do verde na paisagem, é a sombra para quem caminha, é o encanto para a vista. (Publicado em 11/1/1962)
 
 
 
 


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