Opinião

Opinião: Festa do penta

''Festa, de Anderson Cunha, o primeiro hit de Ivete em carreira solo, e Deixa a vida me levar, de Serginho Meriti, sucesso de Zeca Pagodinho, haviam sido as músicas cantadas pelos jogadores depois das vitórias na Coreia do Sul e no Japão''

Correio Braziliense
postado em 03/07/2020 04:15
02/07/2002 - Chegada da Seleção Brasileira de Futebol, após o pentacampeonato no Japão. Esplanada dos Ministérios lotada de torcedores acompanhando a delegaçãoHá 18 anos, Brasília fez uma grande festa para recepcionar a Seleção Brasileira, que dois dias antes conquistara o pentacampeonato, ao vencer a Alemanha por 2 x 0, gols de Ronaldo Fenômeno, no Japão. Uma multidão ocupou vários pontos da cidade para, em clima de carnaval fora de época, celebrar o título. O Correio registrou os detalhes da comemoração em caderno especial, publicado em 3 de julho. Para tanto, espalhou repórteres por vários locais —do Aeroporto JK ao Palácio do Planalto.

Fui escalado para cobrir a entrada da Base Aérea. A princípio, os jogadores iriam cumprir o percurso em carro do Corpo de Bombeiros. Como Ivete Sangalo foi contratada para comandar a celebração, os pentacampeões optaram por fazer o desfile no trio da cantora. Os companheiros de imprensa ocuparam um outro caminhão.

Após contato telefônico com Ricardo Sangalo, produtor da estrela, pude subir no trio da cantora, o que me possibilitou estar próximo dos heróis do penta. Consequentemente, reuni informações privilegiadas para escrever a reportagem que viria a ser a principal do caderno, sob o título A musa e seus fãs.

Festa, de Anderson Cunha, o primeiro hit de Ivete em carreira solo, e Deixa a vida me levar, de Serginho Meriti, sucesso de Zeca Pagodinho, haviam sido as músicas cantadas pelos jogadores depois das vitórias na Coreia do Sul e no Japão. Não por acaso, Festa foi ouvida à exaustão das 13h às 17h, entre a Base Aérea e o Congresso Nacional, com passagem pelo Eixão Sul, com o público em coro, por onde o trio elétrico passava. Em alguns momentos, havia mudança do refrão: “O povo do gueto mandou avisar/ Que o Brasil é penta”.

Acompanhada por sua banda — com o reforço de Edilson e Ronaldinho Gaúcho na percussão — Ivete revisitou sucessos do seu repertório e de outros artistas da axé music, como Cabelo raspadinho, do Chiclete com Banana, que faz alusão a Ronaldo Fenômeno. Ao ouvi-la, o goleador comentou: “Ela é maravilhosa!”. Já Denilson, com o microfone, sem esconder a malícia, cantou uma antiga marchinha: “Mamãe eu quero, mamãe eu quero/ Mamãe eu quero mamar”. Andar com fé, de Gilberto Gil, evocada em tempo de pandemia, naquela época já se tornara clássico, e também ganhou releitura de Ivete na celebração.

Perto da Rodoviária, Ivete vestiu uma camisa da Seleção, que foi autografada por todos os jogadores, inclusive pelo tímido Kaká, único do grupo que não caiu na farra, regada à cerveja. Evangélico, ele bebia guaraná. Percebia-se que Vampeta já estava bem “mamado”. Mais tarde, quando a Seleção foi recebida pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, o meio-campista deu cambalhotas na rampa do Planalto. Antes de descer do trio e entrar no carro que a levaria ao hotel, Ivete falou ao Correio: “Esta festa vai marcar a minha vida para sempre. Foi uma história linda, que vou contar para meus filhos”.

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