Opinião

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Correio Braziliense
postado em 05/07/2020 04:05
Educação sempre

No início do governo, Bolsonaro queria nomear Mozart Neves Ramos para o Ministério da Educação, por indicação de Viviane Senna. Mozart era diretor do Instituto Ayrton Senna e sempre trabalhou com a educação. Foi secretário de Educação de Pernambuco, onde começou a implantar o ensino médio em tempo integral, e era membro do Conselho Federal de Educação. Ele conhecia as boas iniciativas da gestão de Mendonça Filho e teria dado continuidade a elas, a exemplo do ensino médio em tempo integral e da renovação da educação especial. Mas Bolsonaro não priorizou a qualidade da educação e cedeu o MEC aos “ideológicos”, que criaram um caos no setor. A educação é muito importante para o país e não se pode perder mais tempo. Os problemas começam na educação infantil, agravam-se no fundamental e explodem no médio, sob a forma de evasão e desalento, que conduzem à  marginalidade e à violência. A prova de Avaliação Nacional da Alfabetização, aplicada pelo Inep, em 2016, revelou que os níveis de alfabetização e letramento em língua portuguesa e de noções de matemática, de alunos do 3º ano do fundamental da escola pública, eram muito baixos. Apenas 12% estavam com o aproveitamento adequado em português e matemática, e isso é muito grave, pois saber ler, escrever e fazer contas é essencial para a aprendizagem. Sem isso, toda a vida do estudante fica prejudicada. Os jovens ficam sem condições de fazer um bom curso médio e profissional, de serem bons cidadãos e obterem emprego qualificado. A indicação de Decotelli foi bem recebida porque ele era um homem de diálogo. Ele não assumiu o MEC, mas mostrou o caminho que qualquer presidente deve seguir. Educação é sinônimo de abrir horizontes e trazer a luz e, por isso mesmo, não combina com obscurantismo, falta de diálogo, preconceitos, censuras e imposições.
» Ricardo Pires, Asa Sul


Saúde


Humildade, conhecimento, experiência e cautela foram a tônica da importante entrevista publicada em 3 de julho no CB.SAÚDE com o renomado médico oncologista Gustavo Fernandes, diretor do Sírio Libanês Brasília. Aliás, gosto de seu lema de trabalho: o melhor médico é aquele que tem duas qualidades extremas: o poder de identificar rapidamente o motivo da dor para buscar a cura e o que infunde maior esperança no paciente e em sua família. Paraibano, filho de médico, formado e experimentado no Sírio Libanês de São Paulo, Gustavo Fernandes trouxe o Sírio para o DF e hoje é um cidadão honorário de Brasília. Disse com propriedade. “As verdades estão envelhecendo muito rapidamente e a gente tem que se acostumar a mudar de ideia”.
» Silvestre Gorgulho, Lago Sul


Autoritarismo

O autoritarismo que dita as relações de mando e obediência no Brasil tem na escravidão seu nutriente perverso; prática desumana e indecorosa assim denunciada pela fina ironia de Machado de Assis (1839-1908), em Quincas Borba (1891): “Tão certo é que a paisagem depende do ponto de vista, e que o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo na mão”. Com o lema “Ao vencedor, as batatas”, a filosofia do humanitismo, criada por Quincas Borba, é uma mistura brasileira de teorias importadas, tais como o darwinismo social, o positivismo e várias formas de determinismo que serviram, e ainda hoje servem, para justificar e naturalizar grandes barbaridades. Para os autoritários, “a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel”, conforme assinalou criticamente Machado de Assis, no conto Pai contra mãe (Relíquias da Casa Velha, 1906). Como a instituição imaginária que gerou nosso processo político muito antes do advento da República, o coronel foi instituinte do processo político brasileiro — ou seja, seus padrões de comportamento no poder moldaram nossas instituições, abortando em muitos aspectos nosso processo democrático. Fomos, antes, marcados pelo nepotismo, compadrio, personalismo e outras características ligadas a um mundo social que se instituiu pela força do poder e não pelas construções coletivas. Instituições como a escravidão e o latifúndio têm forte papel nesse contexto. O coronel é o personagem fundamental da chamada Primeira República (1889-1930), mas cujos restos sobrevivem até hoje. Inclusive no mundo empresarial, em que ainda existem traços desse coronelismo de viés autoritário. Esse é um motivo para que, em grande parte a gênese de nossa gerência dê as costas para padrões modernos de gestão de pessoas. Assim, o coronel é uma figura central, o mestre da significação no mundo que fomos capazes de construir e que nos habita até hoje. Uma das malcriações do coronelismo e da manutenção das instituições de poder criadas a partir dele, o bolsonarismo se faz de moderno quando usa os meios de comunicação de massa digitais, mas continua arcaico quando se impõe de forma personalista e autoritária — e ainda mais focado na sua própria família, símbolo maior da sociedade tradicional que queremos e precisamos vencer.
» Marcos Fabrício Lopes da Silva, Asa Norte



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