Correio Braziliense
postado em 05/07/2020 04:05
Particularmente, sou muito cismada com os julgamentos na praça pública da internet. Os tais cancelamentos em série, a execração sem direito à oitiva do outro, a boiada seguindo em disparada sem se importar com o comando. Talvez, por isso, tento pensar cinco vezes antes de julgar alguém que cometeu alguma insanidade, sobretudo no meio virtual. E, quando o faço, normalmente guardo para mim. Agora, na pandemia, é comum apontar o dedo para este ou aquele que deu suas escorregadelas, fugindo do isolamento social. Há um quê de humanidade em se desviar do que é certo em algum momento. O problema é que, também, há uma desumanidade, pouco reconhecida por todos nós.Nesta semana, os “inocentes” do Leblon só não foram bloqueados porque é difícil escolher o boi em meio à boiada. Sobra, então, para essa massa amorfa que aguardou o primeiro sopro nos ouvidos para mostrar o quão importante é tomar um chope na calçada da Zona Sul. Assim como sobrou para quem decidiu comemorar o aniversário com uma festa covid free e testes rápidos na porta.
Ok, todos estamos cansados da solidão, todos temos saudades de nossa vidinha mais ou menos, quando fingíamos que tudo estava perfeito, a despeito dessa desigualdade absurda que impera da porta dos ricos para fora. Mas, neste momento, em que a Covid-19 está longe de estar controlada, mas as autoridades decidiram abrir todas as portas, decretos não são salvo-conduto para agirmos de forma leviana. Portanto, ainda que a cerveja gelada nos chame e que a saudade daquela turma seja imensa, vamos evitar aglomerações e apelar ao bom senso.
Para mim, não surpreende em nada o comportamento das pessoas. Você esperava outra coisa? Há algo de muito normal nesse “novo anormal”. Um vírus mata pessoas, mas, incrivelmente, não muda outras pessoas. Se tudo isso passasse hoje, mais de 60 mil vidas teriam passado para outra esfera, também. Isso deveria nos levar a pensar e a encarar a ciência com mais seriedade.
Sem comando firme, a população brasileira está entregue à própria sorte. Agir com bom senso para proteger famílias, amigos e a população mais vulnerável é o que vai diferenciar você no meio dessa tragédia sanitária. Não se deixe levar pelo coletivo de idiotas que, entre outros atributos e normas de conduta, demonstra absurdo desprezo pela vida.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.