Opinião

Visto, lido e ouvido

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Correio Braziliense
postado em 05/07/2020 04:06
Uma teia de interesses

Um dos múltiplos problemas verificados na questão de disseminação de fake news, e que ultimamente ganhou contornos de crise institucional por conta do grande volume de falsas notícias, é que seus autores procuram sempre associar essas mensagens a matérias jornalísticas sérias. Para outros, a criação desse banco gigantesco de dados de conversas agravaria ainda mais o problema de incidentes de segurança e vazamentos de dados, prejudicial a todos e à própria democracia.

Esses criminosos procuram não apenas o descrédito da imprensa e de jornalistas sérios, atribuindo-lhes notícias falsas e caluniosas, mas, sobretudo, atacam o que a democracia tem de mais precioso, que é o direito à informação correta e isenta. Não há como dissociar toda essa discussão que descambou na confecção de uma lei e acabou por catalisar todo esse processo e  discussão. Uma coisa é certa, para muitos analistas dessa proposta, a nova lei facilitará a vida dos hackers e de todos aqueles que buscam informações em bancos de dados.

Com o aumento no volume de informação armazenada, o banquete de dados está servido aos invasores e hackers. Importante notar, ainda, que toda discussão da lei começou no âmbito político, por causa da troca de injúrias e difamações feitas de parte a parte pela classe política, já muito antes do atual governo, e que, de certa forma, acabou por prejudicar a todos igualmente, levando ao descrédito a classe política e a prática saudável da política feita com ética e às claras.

É preciso considerar ainda que, mesmo com nome estrangeirado de fake news, a prática de injúria e difamação é um traço cultural e histórico do Brasil desde sua fundação, e tem feito, por um lado, uma procissão de vítimas e, de outro, a fortuna de muitos advogados espertalhões.

Embora pesquisa recente do Ibope mostre que 90% dos brasileiros apoiam a regulamentação das redes sociais para combater a prática de produção de mentiras, é preciso entender que não é só por meio de leis, sempre cheias de vácuos, que se poderá impedir a divulgação de mentiras. É preciso, também, reforçar a obrigação dos governantes e das lideranças políticas em estimular o bom jornalismo e a imprensa séria como ferramentas para o aperfeiçoamento de democracia duradoura.

Ao instigar jornalistas contra a população, o que se tem, com produto e incremento, é o surgimento de uma indústria de divulgação de mentiras e de notícias que visam beneficiar poucos e prejudicar muitos. Também graças à ação da Suprema Corte de abrir inquérito para investigar calúnias e ameaças feitas contra os ministros e seus familiares é que foi possível levar adiante e pôr lenha na fogueira, o que  resultou na confecção da mencionada e polêmica lei.

Todo esse processo ainda está em fase de manufatura legislativa e, certamente, na Câmara dos Deputados, para onde a medida foi encaminhada, existirão outras propostas e emendas ao PL, indicando que toda a costura em busca de um ordenamento jurídico em torno das fake news está, por enquanto, em fase de gestação, sendo prematura qualquer outra avaliação. De concreto e urgente, o que se tem é a necessidade de envolvimento de toda a sociedade nessa questão, o que poderia, pelo bom senso, ser realizado apenas depois de sanado o problema grave da pandemia.


A frase que foi pronunciada

“É possível fazer ouvir à razão aqueles que adaptaram um modo de pensar conforme o seu interesse.”
Clemente XIV, papa, professor de teologia.


Estranho
» Aviso do Ministério  da Saúde informa que os produtos enviados da China para o Brasil, como máscaras, por exemplo, não estão contaminados pela covid-19, ou, pelo menos, não há evidência. O problema na comunicação é: por que o Brasil importa produtos desse país?


Minfra
» Conheça no Blog do Ari Cunha, o Programa Radar Anticorrupção, do Minfra. Uma iniciativa que agrada aos pagadores de impostos. São várias ações de frente contra a corrupção. Prevenção, supervisão e monitoramento dos riscos de fraude.


Santa Catarina
» Terezinha Bleyer nos conta que os institutos de Meteorologia previram o ciclone bomba que arrasou o Balneário de Camboriú. Mas a população não acreditou.


IPB
» Instituto Brasileiro de Piano. Criado e dirigido pelo pianista e pesquisador Alexandre Dias. Conheça o valor desse site. Há uma maneira fácil de contribuir para que pesquisas, entrevistas, partituras, concertos e lives sejam mantidos.


História de Brasília
Juntamente com os retornos que estão piquetados no Eixo Monumental, a Novacap bem que podia fazer também a ligação da W3 com a Estrada Parque Indústria e Abastecimento, que encurtará, em muito, a distância de Taguatinga. (Publicado em 11/1/1962)



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