Correio Braziliense
postado em 07/07/2020 04:25
Quando se fala da figura da mulher na história da humanidade, reconhece-se evoluções, como o direito ao voto, a entrada no mercado de trabalho e a força do movimento feminista que abriu outras portas. Mesmo assim, há décadas, avanços que, talvez, já fossem esperados continuam emperrados numa sociedade ainda muito machista. É o caso da objetificação feminina.
O assunto, que ainda é praticamente inerente à sociedade, veio à tona novamente na semana passada quando a vida do milionário Dan Bilzerian compartilhada nas redes sociais se tornou alvo de polêmica. O jogador de pôquer profissional, que tem, em média 30 milhões de seguidores no Instagram, usa a rede social para ostentar um cotidiano de luxo, regado a festas, bebidas, drogas e mulheres.
Nas principais fotos postadas por Bilzerian na internet, ele sempre está acompanhado de um grupo de mulheres de biquínis, seminuas ou nuas, em sua maioria, em poses sensuais, num verdadeiro exemplo do que é a objetificação feminina — quando as mulheres são tratadas como objetos sexuais, onde a personalidade e a dignidade não são consideradas, mas sim o corpo.
Apesar de ter suscitado o debate, o assunto está longe de ser novo. As mulheres já lutam contra a objetificação há anos. Para se ter um exemplo, em 1968 surgiu nos Estados Unidos o Movimento de Libertação Feminina que, na época, se manifestou contra atitudes e ações que colocavam as mulheres em patamar de objeto, como os concursos de misses.
E, pelo visto, o assunto está longe de ser encerrado. Até hoje é fácil perceber como a objetificação ainda faz parte do cotidiano da sociedade. Está nas revistas, nos filmes, na literatura, na publicidade, na mídia, na música e em tantos outros meios que continuam proliferando esse viés voltado ao corpo e a sexualização das mulheres.
As propagandas de cerveja são o principal exemplo, onde o recurso mais utilizado é a presença de mulheres seminuas. Mas o mesmo ocorre na mídia em geral quando se dá destaque ao corpo da mulher de um modo que não faria com o homem e ignorando, muitas vezes, todo o resto em relação aquela figura, que não a parte objetificada: o corpo.
A objetificação traz várias problemáticas com ela: a cultura do estupro, o padrão de beleza e a desqualificação da mulher. Pontos esses que desembocam nos abusos sexuais e na violência contra a mulher, e também impedem a tão sonhada equidade de gênero. Não dá para ser igual, quando se é vista como objeto.
Que situações como a polêmica de Dan Bilzerian sirvam para que cada um faça uma avaliação se dissemina ou não esse tipo de pensamento, e busque como combater. Se não, continuaremos sendo uma sociedade em que os mesmos assuntos precisam ser abordados diariamente, o que, infelizmente, é o que acontece quando se trata das minorias.
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