Opinião

Mapeamento inédito de áreas irrigadas no Distrito Federal

''A adequada gestão da água, como ocorre em relação a todo recurso natural, impõe o conhecimento sobre a oferta (disponibilidade) e demanda, em cada local e ao longo do tempo''

Correio Braziliense
postado em 07/07/2020 04:25
A Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa) lançou, em evento virtual da AgroBrasília, o Mapa de Áreas Irrigadas no Distrito Federal. Trata-se de mais um importante avanço para a gestão de recursos hídricos na região, onde os principais usos da água são para abastecimento da população (3 milhões de pessoas) e irrigação.

A adequada gestão da água, como ocorre em relação a todo recurso natural, impõe o conhecimento sobre a oferta (disponibilidade) e demanda, em cada local e ao longo do tempo. No tocante à disponibilidade, o Distrito Federal detém, hoje, a rede de monitoramento hidrológico (chuva e vazão) mais densa e moderna do país. Quanto à demanda, as vazões captadas pela Caesb para abastecimento da população são 100% medidas e acompanhadas pela Adasa, mas o mesmo não acontece em relação ao uso da água para irrigação.

A crise hídrica vivida entre 2016 e 2018 evidenciou a necessidade de melhor conhecimento sobre a demanda de água para irrigação. Os dados de outorga constituem importante referência, mas não expressam o real uso pelos produtores. Além disso, nem todos atuam de forma regular e estão registrados ou outorgados, problema que vem sendo atacado de forma incansável pela equipe da Adasa, sendo o novo Mapa de Áreas Irrigadas do DF mais uma importante ação nesse sentido.

Destaca-se a existência de vários estudos sobre a área irrigada do DF, no entanto, os mapeamentos sempre focaram os pivôs centrais que, por formarem círculos perfeitos nas imagens, são de fácil identificação. A novidade está no esforço empreendido para mapear as áreas submetidas a outros métodos de irrigação, como aspersão convencional, microaspersão e gotejamento, também muito utilizados na região. Com áreas menores e sem relação direta com a forma do recorte no terreno, elas são de difícil identificação. Assim, o estudo exigiu o uso de imagens de alta resolução espacial (3 m) obtidas em diferentes datas.

O Mapa de Outorgas e Registros de Uso da Água no DF foi fundamental para a verificação e melhoria dos resultados. Com base na última comparação de dados, a Adasa possui agora um mapa apontando, com coordenadas geográficas, as áreas irrigadas que possuem e as que não possuem outorga ou registro no órgão. Sem dúvida, ferramenta importante para que os usuários sejam conhecidos e inseridos no sistema de gerenciamento de recursos hídricos. Foram identificados 34 mil hectares irrigados, dos quais pouco mais de 15 mil, como esperado, por pivôs centrais. Do total, cerca de 80% da área mapeada possui outorga correspondente, valor que deverá aumentar rapidamente por meio do uso do novo mapa.

Além de orientar os processos de fiscalização, os dados obtidos serão incorporados imediatamente aos instrumentos de planejamento e de concessão de outorga de direito de uso dos recursos hídricos, permitindo à Adasa avançar ainda mais no sentido de garantir segurança hídrica para a população e para as atividades econômicas desenvolvidas no DF.


* Engenheiro agrícola e doutor em Hidrologia, é diretor da Adasa

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