Opinião

Visto, lido e ouvido

Correio Braziliense
postado em 09/07/2020 04:18
Aos nossos irmãos venezuelanos

Imagens que corre nas redes sociais e que fala mais do que mil palavras mostram um comerciante venezuelano fotografado atrás do balcão de seu estabelecimento em duas ocasiões diferentes. As fotos, colocadas lado a lado, chamam a atenção pela discrepância entre uma e outra. Na primeira, datada de 1998, o comerciante aparenta estar mais saudável. Atrás de si veem-se algumas prateleiras de seu pequeno comércio, abarrotadas de uma grande variedade de produtos das mais diferentes marcas, o que denota que esse pequeno empresário vivia um bom momento no seu negócio e, quem sabe, em sua vida pessoal.

Na segunda imagem, postada ao lado, e captada pelo mesmo ângulo, mas com data de 2008, esse empreendedor aparece bem mais magro e visivelmente abatido. Seus olhos não miram a lente da câmera como antes, mas parecem perdidos muito além, como se ultrapassassem toda aquela cena, indo perder-se nalgum lugar, longe de tudo. Nessa nova fotografia, chama a atenção o fato de o seu estabelecimento comercial exibir prateleiras completamente vazias, com a exceção do que parecem ser uns poucos saquinhos de sal.

O empobrecimento patente desse personagem anônimo retrata, de forma cruel, duas realidades distintas e discrepantes, que seria inacreditável tratar-se do mesmo personagem, no mesmo ambiente. Que espécie de tornado ou furacão havia flagelado tão brutalmente aquele local? Os estragos provocados na economia, na sociedade, na política e na vida pessoal de cada um desses nossos vizinhos, que permaneceram naquele país por falta de alternativa, chocam não só pela crueldade a que foram relegados, mas, sobretudo, pela indiferença de um governo nitidamente criminoso, apoiado pelas forças das armas e pela violência de grupos paramilitares.

Essa é uma realidade que está às nossas portas, bem debaixo de nosso nariz, mas que, por questões paralelas, fingimos não perceber. Esse esquecimento, favorecido pelos problemas que também enfrentamos nesse lado da fronteira, nesses tempos de pandemia, só é quebrado quando duas fotografias, navegando displicentes, surgem boiando no oceano sem fim das redes sociais. São imagens que cutucam as pessoas por dentro, lembrando que eles ainda estão do outro lado da fronteira, experimentando um tempo de trevas em sua história recente.

Fotografias como essas têm o poder de, silenciosamente, mostrar a realidade de um país inteiro ferido de morte pelas mãos de ferro de uma camarilha comunista e corrupta. Dessas fotos, capazes de ilustrar qualquer livro de história sobre o assunto, fica, ao menos, o alerta de que passamos por um fio de sermos os próximos.



A frase que foi pronunciada

“Bom não é ser importante. O importante é ser bom.”

Max Weber, intelectual, jurista e economista alemão considerado um dos fundadores da Sociologia.



Vai entender

» Acompanhar um paciente que precisa de receita para a retirada de medicamento de alto custo é bastante cansativo. Paciente idosa, com problema crônico de saúde, saiu de Sobradinho, colocando a vida em risco, para buscar a receita. O hospital só atende às terças-feiras, e os casos mais graves, às quintas-feiras. Ao chegar ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran), foi barrada. Sem profissional para aviar a receita, a resposta do hospital foi a seguinte: Estamos sem água.


Ouvidoria

» Mas quando se quer achar o lado bom das intempéries, basta ter olhos para ver. André Luis, da ouvidoria do Hran, é um funcionário com paciência e extrema vontade de resolver os problemas.


Superelogiado

» Por falar em Hran, é preciso registrar o valioso trabalho do dr. Francisco Aires Correa Lima. Querido por todos os pacientes, é o tipo de médico pelo qual todos oram para que sempre tenha saúde e nunca pare de clinicar.


Pela beirada

» Perguntaram a Einstein como seria a Terceira Guerra Mundial. Ele respondeu, a Terceira eu não sei, mas a Quarta, com certeza, seria com machados e pedras. Isso foi mais ou menos na mesma época em que o sr. Xi Zhongxun estava sonhando em ter um filho que dominasse o mundo.


Hora de mudar

» Das 247.232 manifestações registradas na Ouvidoria do GDF, apenas 3.650 cidadãos conseguiram atendimento. É um número vergonhoso para um órgão com uma folha funcional gigantesca e arrecadação monstruosa. Por esse pequeno exemplo, é possível observar que os impostos pagos não trazem a contrapartida em serviços devidos aos contribuintes.


História de Brasília

Alguns postos de Brasília continuam se negando a vender gasolina azul. Cabe aos usuários selecionar os postos de serviço, preferindo os que prestam, naturalmente, mais atenção ao cliente. (Publicado em 11/1/1962)



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