Opinião

Visão do Correio: Comércio surpreende

Com as medidas restritivas impostas para conter as ocorrências de contaminação, o reflexo era previsível na economia. Especialistas e instituições previram queda no PIB, nas atividades industriais, nas vendas do comércio e na prestação de serviços

Correio Braziliense
postado em 11/07/2020 04:14
Com as medidas restritivas impostas para conter as ocorrências de contaminação, o reflexo era previsível na economia. Especialistas e instituições previram queda no PIB, nas atividades industriais, nas vendas do comércio e na prestação de serviçosHá perguntas cuja resposta é avaliada em 1 milhão de dólares. A cifra é simbólica. Trocada em miúdos, quer dizer que qualquer retorno ao questionamento não passa de ilação, sem nenhuma evidência de acerto. A aposta em determinados números na Mega-Sena serve de exemplo.

O oposto também é verdadeiro. Existem fatos tão certos que a ninguém ocorre arriscar um real para questioná-los. É o caso do suceder dos dias e das noites, das estações do ano, da virada do calendário em 31 de dezembro. É o caso, também, do tombo nos indicadores econômicos durante a pandemia.

Com as medidas restritivas impostas para conter as ocorrências de contaminação, o reflexo era previsível na economia. Especialistas e instituições previram queda no PIB, nas atividades industriais, nas vendas do comércio e na prestação de serviços. Discordaram aqui e ali nos números, mas, em linhas gerais, mantiveram coerência com os fatos.

Um setor, porém, surpreendeu. Passado o baque provocado pelo isolamento, o varejo teve crescimento recorde de 13,9% em maio em relação a abril. O resultado superou as projeções dos analistas, que esperavam elevação de 6%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi a maior alta da série histórica da pesquisa, iniciada em janeiro de 2000.

A indústria contagiou-se. Registrou incremento de 7% no mesmo mês. Embora tenha partido de base de comparação baixa, trata-se de dados alvissareiros. As vendas devem contribuir para amenizar as perdas para a economia no segundo trimestre, considerado crítico para o comércio em razão dos impactos decorrentes da crise sanitária.

Boa parte do efeito positivo deve-se às acertadas medidas de apoio à renda e ao crédito. A distribuição de auxílio emergencial para desempregados e informais de baixa renda injetou R$ 52 bilhões no mercado durante três meses. A medida foi prorrogada por mais dois meses. Também contaram as iniciativas para a preservação de empregos — como a redução de jornada e salário.
A equipe de Paulo Guedes precisa manter a tendência de crescimento depois do fim dos auxílios e benefícios de emergência.
 Para tanto, sobressai a renda dos consumidores. A taxa de desemprego, elevada no período pré-pandemia, está em alta. Projeções sinalizam percentual superior a 15% — sem levar em conta as significativas taxas de informalidade e de subutilização de mão de obra. A resposta para o desafio não pode esperar. É para ontem.

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