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Correio Braziliense
postado em 13/07/2020 04:04
Discordar

Hoje, é impossível discordar até mesmo de terminologias sem causar polêmica ou histeria. Assim disse o jornalista Leandro Narloch, demitido da CNN há poucos dias, supostamente por ter usado um termo considerado homofóbico e feito menção a um dado estatístico que, de fato, é um tanto quanto controverso. A par disso, atenhamo-nos para a sordidez do politicamente correto, que, quando entra em combustão com a ultrassensibilidade da esquerda, deixa às claras a síntese do parcial jornalismo: só vale o que não lhes ofende?
» Ricardo Santoro,
Lago Sul


Lava-Jato

A defesa da democracia e a luta contra a corrupção estão ligadas. Só é possível enfrentar a grande corrupção em regimes democráticos. Fora deles, há interferência política nas apurações e intimidação. Foram avanços institucionais e legais do mais longo período democrático brasileiro que permitiram o surgimento de operações como a Lava-Jato. Se a democracia torna possível o combate à corrupção política, a luta anticorrupção fortalece a democracia. A gestão que se volta para a arrecadação de propinas a fim de enriquecer ilicitamente os governantes e garantir a perpetuação de projetos de poder se distancia do governo do povo, pelo povo e para o povo. Embora o combate à corrupção, como a defesa da democracia, seja uma causa suprapartidária, o establishment político tem resistido a mudanças para reduzir a roubalheira. Junto com outros fatores, isso contribui para o descrédito das instituições e enfraquece a confiança da sociedade na própria democracia. Lamentavelmente, é difícil compreender que, nas circunstâncias atuais, a sociedade venha a perceber pelas mãos do procurador-geral da República, Augusto Aras, seu ímpeto para desconstruir a Operação Lava-Jato, bem como a imagem dos integrantes da força-tarefa. O agravamento das sucessivas crises, seja na convivência do Executivo, com o Legislativo, Judiciário, seja na pandemia sanitária, demanda um posicionamento. Os caminhos para diminuir a corrupção, promover a saúde e recuperar a economia podem ser estreitos, mas estarão seguramente sobre o terreno da democracia, do diálogo, do respeito, da solidariedade e do aperfeiçoamento das instituições. Percorrer esses caminhos exige um aumento da participação política por meio da cidadania. Manifestações pacíficas e o exercício da crítica são formas legítimas de defender valores fundamentais da população. A sociedade deve assumir mais o protagonismo de sua história, independentemente de preferências ideológicas, é fundamental eleger, em todas as esferas, candidatos com passado limpo que endossam a democracia, os valores constitucionais e expressam compromisso com a aprovação de reformas para reduzir a corrupção no país. A sociedade não deixará a Lava-Jato morrer!
Renato Mendes Prestes,
Águas Claras


Tragédia

O Brasil aproxima-se de 100 mil óbitos e de 2  milhões de infectados pelo novo coronavírus. O esforço de médicos e profissionais da saúde salvou mais de 1 milhão de vidas. A importância da vida foi banalizada por interesses rasteiros dos que governam municípios, estados e o governo federal. O Ministério da Saúde foi militarizado e está acéfalo, sob o comando de um intendente sem qualquer relação com saúde pública. O Palácio do Planalto jogou a responsabilidade pela condução da maior crise sanitária do país às unidades da Federação, como se nada tivesse com os destinos dos brasileiros. Pelo contrário. Exercício da omissão, da indiferença às mortes e ao sofrimento do povo.O presidente receita medicação condenada pela ciência, como se tivesse formação para subscrever um receituário. As Forças Armadas conseguiram, no pós-ditadura de torturas e mortes, reabilitar sua imagem perante a sociedade aderindo ao tecido do Estado democrático de direito. Mas, hoje, lamentavelmente, associam-se à insanidade de um presidente com forte inclinação à tirania. Assistem, sem nada fazer, à morte de milhares brasileiros. Se a situação sanitária do país é dramática, a incapacidade do governo é tragédia idêntica.
» Gilberto Borba,
Sudoeste


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