Correio Braziliense
postado em 15/07/2020 04:19
Juntos, os dois países somam um Produto Interno Bruto de US$ 45 trilhões e uma população de 1,7 bilhão de pessoas. Nos últimos anos, os norte-americanos testemunharam uma inversão da hegemonia cultural e comercial da qual se beneficiaram nas últimas décadas. Enquanto a China aposta todas as fichas em sua gigante da tecnologia Huawei e na rede 5G, os EUA veem uma ameaça à própria indústria e suspeitam que os asiáticos implantaram mecanismos de espionagem nos celulares da marca. Como se a voracidade pseudocapitalista de Pequim passasse a adotar mecanismos ou estratégias de cunho moral e ético duvidoso para se firmar como potência econômica mundial.
Os EUA também acusaram a China pela pandemia do novo coronavírus, mesmo sem evidências concretas. O presidente Donald Trump passou a vincular o vírus ao gentílico “chinês”. Talvez uma forma de negar que o próprio negacionismo funcionou como receita para o desastre na resposta à covid-19. Daí o ímpeto de tentar buscar um bode expiatório ainda que improvável. Uma análise desprovida de viés ideológico indicaria que os chineses são tão vítimas da pandemia quanto os americanos ou nós, brasileiros. Os mais recentes desdobramentos da geopolítica internacional indicaram mais tensionamento entre os dois gigantes.
Os Estados Unidos voltaram-se contra softwares chineses, que começam a se espalhar pelo mundo, como o TikTok e o WeChat. Acusam violação de propriedade. Como se somente as poderosas companhias do Vale do Silício tivessem licença prévia para fabricar e comercializar softwares e aplicativos de sucesso. Um acordo comercial e militar costurado pelos presidentes chinês, Xi Jinping, e iraniano, Hassan Rouhani, também é visto com reservas por Trump.
Até mesmo o tumultuado Mar do Sul da China, cujas águas e ilhas são disputadas por vários países asiáticos. Os EUA romperam posição de neutralidade e classificaram como “ilegais” as reivindicações territoriais chinesas na região. Uma postura que deve atrair a ira de Pequim, para quem o domínio insular na área é ponto vencido. Os norte-americanos também reagiram com indignação à aprovação da nova Lei de Segurança Nacional de Hong Kong, a qual põe uma pá de cal sobre a semi-autonomia da metrópole financeira e sobre a fórmula “um país, dois sistemas”.
Aos exemplos citados neste texto soma-se outras escaramuças no âmbito comercial. Os EUA acusam a China de promover o comércio desleal, ao propagar seus produtos pelos quatro cantos do planeta a preços reduzidos. As duas nações mais poderosas do mundo travam nova “Guerra Fria” por supremacia absoluta.
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