Correio Braziliense
postado em 17/07/2020 04:07
Desde 16 de março, o setor de shopping centers no Brasil passa por momento inusitado: os 577 centros comerciais do Brasil foram fechados por força de decretos municipais e estaduais. Hoje, são mais de 400 reabertos, 75% do total. Além deles, 19 reabriram e fecharam novamente; e, ainda, seis que reabriram, fecharam e reabriam outra vez. A instabilidade afeta os empreendimentos, os lojistas, o consumidor e a sociedade em geral.
Esse movimento ioiô decorre da descoordenação entre prefeituras, estados e governo federal. Claro que, de certa forma, entendem-se as incertezas de todos, pois a situação é nova não apenas para os shoppings, mas para governos de todas as esferas. Estamos aprendendo e evoluindo à medida que os dias passam e os fatos surgem.
O que esperamos, todavia, é o diálogo para a construção conjunta de planos para o enfrentamento da profunda crise. Passados mais de 100 dias, ainda há falta de alinhamento, entendimento e diálogo entre os Poderes públicos, bem como escassez de medidas concretas e ágeis de suporte a empresas e indivíduos.
Os shoppings, de forma responsável e proativa, prepararam-se para a reabertura das atividades. Produzimos, em parceria com profissionais de saúde do Sírio Libanês e do Hospital Materdei, protocolo rigoroso para operação neste momento de adversidade. Estamos preparados para operar com segurança para funcionários e frequentadores, pois jamais colocaríamos em risco a saúde e a vida de nosso principal ativo: os consumidores que, diariamente, frequentam nossos shoppings e os veem como ambientes seguros.
No início da pandemia e nas primeiras semanas, sem pressão na economia e sem tanto tempo de isolamento, a escolha era praticamente uma e evidente: a saúde. Autoridades não precisavam decidir. Economia, empregos e renda deveriam ficar para depois. Pois bem, o depois chegou. Estamos em um momento crítico, no qual a tomada de decisão é mais complexa e difícil, pois, se a saúde continua sendo prioridade, a economia de cidades, estados e empresas, além da saúde mental das pessoas isoladas há tanto tempo, também precisam ser levadas em conta.
O ideal seria ficarmos isolados e com tudo fechado até uma vacina ser encontrada. Mas, no mundo real, isso é impraticável. Decisões devem ser tomadas, escolhas devem ser feitas. No entanto, o cenário desde março mudou: a pandemia é conhecida por praticamente 100% das pessoas, a população sabe que precisa se precaver. O entendimento da evolução do vírus é outro, prefeituras e estados ampliaram a capacidade de leitos de UTI, e até medicamentos têm sido testados de forma positiva.
Nesta outra fase, diferentemente de março, às empresas cabe estruturarem planos para operar com segurança; à população, cabe tomar cuidados e assumir práticas sanitárias permanentes; e aos governos, decidir. Não é fácil, pois riscos são tomados, mas essa é a função dos prefeitos e governadores. Não se pode mais apenas dizer que a saúde é prioridade. Esse argumento é extemporâneo.
E, neste momento, alguns setores se mostram mais bem-preparados do que outros. Porém, isso não significa que tais setores não poderão se adequar, adequar os protocolos, rever as operações. Nós entendemos que, limitando o fluxo de pessoas, monitorando a entrada de consumidores e aplicando rigorosos procedimentos de sanitização e higienização, a abertura é possível.
Ademais, nenhum shopping ou lojista tem a expectativa de recuperar as vendas de três meses em uma semana. Sabemos que o movimento será reduzido e a retomada, lenta. Porém, dessa maneira, conseguimos preservar a saúde e manter a economia funcionando. Com restrições, de forma lenta, gradual, mas funcionando.
* Presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce)
* Presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce)
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