Opinião

Visto, lido e ouvido

Correio Braziliense
postado em 22/07/2020 04:18
A não moral

Não compactuar com atitudes de desrespeito a leis, regramentos administrativos ou de ofensas a pessoas, principalmente em momento de grave pandemia, conforme diz a nota distribuída pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, seria o mínimo a ser exigido de qualquer cidadão, em qualquer circunstância e sob qualquer pretexto. Ainda mais em se tratando de um órgão de Justiça, que tem como missão precípua cuidar para o cumprimento fiel das leis.

A nota, emitida em decorrência do episódio que mostra, em vídeo, o desembargador Eduardo Almeida Prado da Rocha destratando, de forma absolutamente desrespeitosa e vil, os guardas municipais da cidade de Santos, anuncia ainda, e de forma vaga, que será apurada a conduta do magistrado rufião. As imagens dizem tudo e, em um mundo dominado pela velocidade e pela crueza das redes sociais, o caso ganhou repercussão não só no país, como tem sido mostrado em outras partes do mundo, enriquecendo ainda mais a coleção de casos esdrúxulos que caracterizam este Brasil inzoneiro.

De fato, o mínimo que se pode dizer de mais esse caso de empáfia, que marca a maioria de nossas elites, é que é uma vergonha ter que assistir a cenas dessa natureza justamente quando se sabe que parte de nossos concidadãos estão sofrendo e todos estão passando por um momento de grande aflição. O prejuízo que cenas como essas causam à credibilidade de uma Justiça abalada e desprestigiada pelo grosso da população é de tal monta que, dificilmente, será sanada enquanto não houver uma punição severa e exemplar que, pelo menos, aplaque a ofensa que causou à coletividade.

Não será uma nota vaga e protocolar que porá uma pedra sobre mais esse acontecimento odioso. A desenvoltura e a desfaçatez com que o desembargador, que enxovalha o sobrenome famoso, formado por farmacêuticos de renome e compositores ilustres, só mostra, desta vez, em som e imagem, o que há séculos vem acontecendo com este Brasil desigual, onde os poderosos tudo podem e aos demais só cabem os rigores da legislação.

A coleção de casos desse tipo, em que a posição hierárquica é também um salvo-conduto ao cometimento de crimes de toda ordem, daria para encher vários tomos de enciclopédias. A instauração da República, com igualdade de todos perante as leis, é ainda uma miragem, com os casos que exemplificam essa disparidade acontecendo a todo o momento e sem uma solução minimamente aceitável.

Situações como a mostrada agora em vídeo reafirmam e põem a nu nosso eterno subdesenvolvimento cultural, econômico, social e político. Somos ainda a pátria dos impunes, das carteiradas, do sabe com quem está falando, dos blindados e daqueles que usufruem de imunidades, inclusive, para o cometimento de delitos. Muito antes da divulgação e da intenção desse tribunal, ou mesmo de órgãos como o Conselho Nacional de Justiça se pronunciarem de forma burocrática e corporativista, a população, de uma opinião quase absoluta, deu seu veredito, condenando a não moral  a penas do desprezo e do desterro, já que, como punição legal,  poderá ser castigado com uma aposentadoria, recebendo seu polpudo salário.


A frase que foi pronunciada

“Não é a criação de riqueza que está errada, mas o amor ao dinheiro por si só.”

Margareth Thatcher, primeira-ministra do Reino Unido de 1979 a 1990 


Saudades

» Ontem, relia a coluna do Ari Cunha, que completaria, hoje, 93 anos, Adeus ao eucalipto:  “Já no chão, derrotado pelo homem, o enorme eucalipto deu seu adeus à natureza, jogando perfume com toda a majestade, e os galhos trêmulos, na queda, como se despedindo do malvado que o derrubava, como se fosse um aceno. Eram dois. Mandei que o outro ficasse.”


Muda já!

» No Brasil, foi o lobby que não deixou passar um projeto de lei que limitava o tempo de espera para atendimento em consultas. Nos EUA, o aplicativo MedWaitTime ajuda os pacientes a terem noção de quanto tempo a consulta vai atrasar. Naquele país, se houver atraso superior a 40 min, o valor da consulta é menor.


Inacreditável

» Aconteceu no Posto de Saúde da 612 Sul. Uma senhora que trabalha em casa de família chegou para atendimento médico com todos os sintomas do coronavírus. Foi informada que deveria voltar à tarde, porque, pela manhã, não tratavam desse assunto. Usou o transporte coletivo para o deslocamento novamente. À tarde, abatida, buscou o atendimento. Dessa vez, o remédio prescrito foi para que voltasse para casa e ficasse por lá, “porque não tem o que fazer e nem outro lugar a ir, só se for para um hospital particular.”


Para todos

» Advogado, magistrado ou parte que quiser entrar no chat do TJDFT para tirar dúvidas, basta se identificar e enviar a questão. Veja o link no Blog do Ari Cunha. Vamos acompanhar se funciona.


Atenção!

» Bohmil Med avisa que está acabando o prazo para participar do sorteio para ganhar o metrônomo alemão da marca Wittner. Mas o melhor mesmo é que o pai do Vademecum da Teoria Musical, acaba de lançar novo livro: Ritmo Calculado. Veja no Blog do Ari Cunha.


História de Brasília

O que há com os postes do aeroporto é isto: a SIT fez o serviço de instalação, montagem dos postes e ligação. Quando o Ministério da Aeronáutica mandou os geradores, é que foram verificar que eram trifásicos. 
(Publicado em 12/1/1962)


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