Correio Braziliense
postado em 23/07/2020 04:17
Santiago NaudOs 21 livros de poesia de Santiago Naud navegam o oceano da alma, inspirados pelo Paracleto em busca do Quinto Império do coração. Nada mais lusofonamente brasileiro. Aliás, meu amigo foi quem mais isso divulgou deste lado do Atlântico desde a sua direção do Centro Brasileiro de Estudos Portugueses na UnB. Lembro da admiração por Teodoro Freire, dos contos de quando foi diretor do Instituto do Livro, professor de literatura portuguesa em Yale e na Ucla e diretor do Centro de Estudos Brasileiros na Bolívia, Argentina, Panamá e México. Há pouco, revi sua palestra sobre os 50 anos da UnB, da qual foi fundador e professor. O clássico de sua verve se precipitava em palavras em cultivo simultâneo da materialização do espírito e da espiritualização da matéria. Deixou a todos uma ponte entre o mundo dos sentidos e o universo. Essas subidas e descidas estavam inscritas no próprio ser do ser humano. Com quase 90 anos de missão poética, descansa em paz.
» Loryel Rocha,
Rio de Janeiro
» Revelaste a mim tendas primitivas do conhecimento a Oeste e perdi a noção do dia em tua antologia pessoal. Em noite elementar não fiz cartas a Juanila, nem poemas sem domingo, nem hinos quotidianos, mas cantares de Nossa Senhora para ti, cara de cão. Teu verbo intranquilo era fábrica de ritos do ofício humano que me deu a ver o nome das colunas do templo. Tão bem desenhaste a face abstrusa de Deus-menino em arca na Terra e em barca no céu, tão bem sonhaste a vez de Eros em ramas do real e em banquetes d’alma, tão bem imaginaste o Centauro e a lua na geometria das águas. Vi que era teu olho reverso um falso haikai nos avessos do espelho que refletiam memórias de signos em pedra azteca. E tu, poeta, foste ao promontório milenário e deixaste a tua obra em significados inesgotáveis a deslindar o porvir que silva o indiferenciado ou a espiga do trigo, erétil. Cumpriste a engenharia da existência. Mas tu és errância.
» Lúcia Helena Alves de Sá,
Asa Norte
» Poeta cuja obra é de tom universal e ainda não suficientemente conhecida no mercado livreiro e um dos fundadores da UnB, deslizou pelo planeta e mergulhou no mistério do universo. Revelou substancial compreensão do mundo humano e resumiu sua espiritualidade na última publicação, Cara de cão. Seguiu a percepção de Machado de Assis: “Felizes os que pelo faro descobrem os amigos”. Foi com esse traço canino-humano que levou amorosamente as pessoas a perceberem o valor da fraternidade e da convivência num eterno presente. Como um cão amigo, em quase 20 anos de mútua confiança, pareceu-me um vigilante da amizade protetora. Na longa caminhada, foi habilmente capaz de pôr o cão em versos amigos. Fico a olhar a caravana de cães que passam “pois sou eu, só que vou passando”, confessa José Santiago Naud em Cara de cão.
» Eugênio Giovenardi,
Asa Sul
Amazônia
A proposta do governo Bolsonaro para a economia é de atrair investimentos externos, uma vez que o Estado não pode investir, devido ao deficit público. Para ser competitivo e atrair recursos, é preciso reduzir o Custo Brasil, com reformas estruturantes e estar em sintonia com o mundo desenvolvido sobre clima, aquecimento global e meio ambiente. Isso não ocorre hoje. Pelo contrário, o país é criticado por desmatamento, queimadas e invasão de áreas indígenas. A pressão é grande, investidores querem preservar a Amazônia e modernas empresas nacionais, também, pois sofrem forte pressão no exterior. Todos cobram do general Mourão, coordenador do Conselho da Amazônia, o fim dos crimes ambientais e um projeto sustentado para a região. Mourão tem buscado melhorar a imagem do Brasil, mas ele não é o presidente. É preciso que Bolsonaro decida logo o que quer. Se quiser modernizar e desenvolver o país, deve mudar de imediato a política ambiental, trocar o ministro Salles — que só traz problemas—, reforçar órgãos de proteção da floresta e proibir ações ilegais de grileiros, madeireiros, e garimpeiros. Com isso, além de proteger a Amazônia, melhora a imagem do país e se credencia a receber investimentos. É bom pensar grande: floresta preservada é recurso estratégico do país. Queimada e desmatamento são só devastação.
» Ricardo Pires,
Asa Sul
Confisco
Fui cobrado por um leitor para esclarecer corrupções e o confisco da poupança, no governo Collor. O máximo que o time dos enfeitiçados pelo rancor encontrou contra Collor, senhor Saulo, foi um carro Fiat Elba, que servia a cozinha da Casa da Dinda. Collor foi inocentado em dois julgamentos pelo STF, de todas as acusações de corrupção de seus torpes e levianos detratores. Quanto ao confisco, passo a palavra para o próprio ex-presidente e senador Collor, que explicou o assunto, em longa e oportuna entrevista ao Correio Braziliense (3/11/19) sobre a quadra política e econômica brasileira: “Houve o bloqueio dos ativos, e não só da poupança. Mas esse dinheiro foi devolvido em 18 parcelas. A última, paga em agosto de 1992, um mês antes do meu afastamento, até o último centavo com juros acima dos juros que remuneravam a caderneta de poupança à época”.
» Vicente Limongi Netto,
Lago Norte
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