Correio Braziliense
postado em 25/07/2020 11:01
Fatos excepcionais exigem respostas excepcionais. É o caso de guerras e pandemias. Sobretudo, quando apanham os povos de surpresa, não lhes dão tempo de planejar e amadurecer mudanças, muitas vezes, necessárias, mas ainda inoportunas.A crise sanitária global provocada pelo novo coronavírus promoveu revolução em distintos setores. As transformações vão do papel do Estado, passam pelo mundo dos negócios, atingem o universo do trabalho e chegam à educação. Pressa é a palavra-chave. O tempo transforma-se no ativo mais precioso no desafiante mundo novo.
Exemplo recente foca a educação. Regras antes seguidas com rigor precisaram ser revistas. Na última quinta-feira, o Senado aprovou medida provisória que flexibiliza o ano escolar. O afrouxamento, que se refere aos dias letivos e à carga horária obrigatórios, atinge todos os níveis de ensino — do infantil ao superior.
Na educação infantil, dispensam-se as escolas de cumprir tanto o mínimo de dias quanto o mínimo de horas anuais. No fundamental e médio, a liberação alcança o número de dias — com a condição de obedecer à carga horária estabelecida. No superior, as instituições ficam desobrigadas de atender o mínimo de dias de trabalho acadêmico.
Mais: as faculdades e universidades poderão antecipar a conclusão dos cursos relacionados à saúde — medicina, odontologia, farmácia, enfermagem e fisioterapia. Não significa, porém, abertura de porteiras. A medida provisória impõe condições a serem observadas para acelerar o calendário.
Em período de incertezas, no qual vários entes federados desconhecem quando será possível o retorno normal às aulas, a flexibilização não constitui escolha. É necessidade premente. Os responsáveis fazem malabarismos para abrir mão dos anéis e conservar os dedos.
Os dedos, no caso, são o compromisso com o ensino. As crianças e os jovens são vítimas da pandemia, que, além de privá-los do convívio social, rouba-lhes preciosas horas de estudo e aprendizagem. As medidas ora tomadas devem ser executadas com tal responsabilidade, que impossibilitem divisões futuras de estudantes e profissionais. É inaceitável criar filhotes da pandemia.
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