Opinião

Visão do Correio: Proteção aos idosos

''Médicos avaliam que o cenário é o pior possível e que as providências para a preservação da vida dos idosos não podem mais esperar''

Correio Braziliense
postado em 27/07/2020 04:15
As autoridades precisam ter um olhar diferenciado para os idosos, parcela da população mais vulnerável, nestes tempos de pandemia do novo coronavírus. Não são poucos os casos de mortes de internos em asilos e casas de repouso, essas últimas frequentadas pelos de maior poder aquisitivo. Iniciativas específicas visando assistência aos mais velhos começam a surgir, ainda que de maneira tímida, como parcerias firmadas pelo poder público e instituições médicas e hospitalares para a criação de programas voltados para os idosos, os mais suscetíveis a serem abatidos pela covid-19.

Os governantes de todo o país podem se mirar no exemplo do projeto elaborado pela Prefeitura de Belo Horizonte e o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele vai proporcionar o atendimento médico e monitorar as condições de saúde da população que vive nas instituições de longa permanência para idosos (ILPIs). Foram criadas equipes para isolar qualquer caso diagnosticado para que o vírus não seja propagado. O objetivo é organizar o bloqueio do surto dentro dos asilos logo que aparecer o primeiro registro da doença.

Infectologistas dizem que, no Brasil, é impossível ter um balanço confiável do número de idosos que morreram em casas de repouso por causa da pandemia. Isso porque não há estatística em relação ao número de óbitos nesses locais. Na avaliação dos especialistas, as ILPIs reúnem todas as condições para a transmissão do novo coronavírus, como ambiente fechado, aglomeração e idosos frágeis, que são os mais aptos às formas mais graves da infecção, por apresentarem baixa reserva imunológica e outras comorbidades: hipertensão arterial, diabetes e doenças cardiovasculares.

O projeto na capital mineira prevê que, se um idoso é diagnosticado com covid-19, isso significa que o vírus conseguiu entrar na ILPI. Imediatamente, são tomadas providências como a testagem de todos os que trabalham ou vivem nos asilos e casas de repouso. Essa é a única maneira de identificar se os demais idosos e funcionários contraíram a enfermidade, mesmo que estejam assintomáticos, para organizar o bloqueio. O programa proporcionou a retirada de dezenas de pessoas de ILPIs que haviam sido infectadas.

O problema ocorre em todo o mundo. Nos Estados Unidos, dados oficiais dão conta de que o número de mortes em asilos e casas de acolhimento de idosos representa quase metade do total de óbitos pela covid-19. Numa instituição de Nova Jersey, a polícia encontrou 17 corpos empilhados, depois de uma denúncia anônima. Na Itália, 200 idosos morreram em uma única casa de repouso na cidade de Milão. De fevereiro a abril, 7 mil pessoas de idade avançada perderam a vida em asilos do país europeu, todas vitimadas pelo novo coronavírus.

As medidas de proteção à parcela da população abrigada em ILPIs têm de ser radicais, pois o risco de morte é extremo. Médicos avaliam que o cenário é o pior possível e que as providências para a preservação da vida dos idosos não podem mais esperar. Com a palavra, as autoridades de saúde de um país que bate sucessivos recordes quando o assunto é a pandemia do novo coronavírus.

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