Opinião

Temos muito o que comemorar neste ano

''Que pena que não pudemos comemorar tantos fatos importantes - na data certa deles. Mas, a pandemia vai passar''

Correio Braziliense
postado em 27/07/2020 04:15
A cidadania do Distrito Federal ficou frustrada por não poder comemorar, em 21 de abril, os 60 anos de Brasília. É que, em função de propaganda opressiva que ameaça com a morte pelo coronavírus, instalou-se medo na nossa gente. Embora o Sol continue brilhando, a onda negativa, cercada por enxurrada de fake news e pelo radicalismo deletério da politicalha, impediu muitas outras comemorações.

A quem interessa e até quando vai continuar a onda negativa? Por causa dela, há gente que resolve até parar de trabalhar, embora precise, por só pensar em evitar a morte; e há gente que, embora reconheça os perigos da pandemia, quer continuar a viver a vida. É dilema que cria problemas até entre familiares, juntinhos no isolamento.

Levando em conta valores como vida, liberdade, saúde e amor ao próximo, é hora de reagir positivamente às dificuldades, como fizeram nossos ancestrais. Sob a liderança de JK, os candangos pioneiros construíram, aqui, no cerrado inóspito, sob demolidora propaganda, uma obra utópica. Hoje, graças a eles, com pertencimento e orgulho, vivemos no símbolo da força realizadora do povo brasileiro: Brasília, Patrimônio Cultural da Humanidade.

No início, o que era chamado de Brasília (para os técnicos, Plano Piloto) era só um monte de árvores, ruas e edifícios em obra, cercados pelos acampamentos das construtoras. Mesmo a tão badalada inauguração, em 21 de abril de 1960, não a transformou automaticamente em cidade. Para Brasília ser cidade, de fato, era preciso que homens e mulheres a vivessem plenamente. Faltava, ainda, a cidadania.

Cidade artificial, cuja incerta população vinha de todos os rincões do Brasil, a maioria só pensando em ganhar dinheiro nas obras (e no caso dos funcionários transferidos, se aposentar logo) para voltar às origens, não foi fácil constituir a cidadania de Brasília. Ainda bem que, pouco a pouco, acomunidades começaram a se formar graças a siglas, todas com um B no final: CaseB, CemeB, UnB, UmesB, FeuB, AcB, OAB e CB.

Vamos à tradução: Caseb — Comissão de Administração do Sistema Educacional de Brasília, que virou nome de escola; Cemeb — Centro de Educação Média de Brasília, o Elefante Branco; UnB — Universidade de Brasília; UmesB — União Metropolitana dos Estudantes Secundários de Brasília;  FeuB — Federação dos Estudantes da Universidade de Brasília; AcB— Associação Comercial de Brasília, depois ACDF; OAB — Ordem dos Advogados do Brasil – DF; e CB — o Correio Braziliense.

Ao lado das igrejas, foram essas entidades que fizeram crescer as pessoas, mesmo com as diferenças. As três primeiras representavam escolas, com ensino da melhor qualidade, tanto que vieram para cá, por concurso, os melhores professores do Brasil. As quatro seguintes mostravam que estudantes, empresários e advogados se organizaram. E, finalmente, foi o Correio Braziliense que, nos 60 anos que completou em 2020, deu espaço para que os líderes comunitários de Brasília e satélites reclamassem — e conseguissem — melhorias para suas cidades.

Em 2020, além de Brasília e do Correio, outras duas das instituições citadas também não puderam comemorar fatos importantes. Completou 60 anos a OAB-DF, que é chamada de Casa da Cidadania, por ter, sempre de forma suprapartidária, defendido a coletividade de Brasília e do DF. E foi também em 2020 que a UnB ganhou, no ranking das melhores universidades do Brasil, honroso 10º lugar.

Que pena que não pudemos comemorar tantos fatos importantes — na data certa deles. Mas, a pandemia vai passar. E, se Deus quiser, com toda a nossa gente vivendo efetivamente, como fazem as viçosas árvores que, ao nosso lado, continuam a fornecer oxigênio, cheias de passarinhos, que continuam voando e cantando, bem aqui ao lado, sob a luz e a energia do Sol, reinando no céu, a vida positiva vai voltar.

E aí, vamos poder, logo, logo, fazendo jus à história da bonita ação dos candangos pioneiros, mostrar o caldeirão cultural que é o DF, juntando as entidades aqui citadas para comemorar, em um dia de alegria, a bonita cidadania de Brasília em grande aglomeração, com risos, abraços e beijos aos montes — do jeito que o povo gosta.


* Advogado, jornalista e escritor, preside a Confraria dos Cidadãos Honorários de Brasília 

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