Opinião

Opinião: Vinte anos de retrocesso

''Há 20 anos, o Gama rodava a baiana numa longa batalha contra a CBF, e impedia a entidade comandada, à época, por Ricardo Teixeira, de organizar o Brasileirão. Há 20 anos também era fundado Brasiliense - aniversariante do dia''

Correio Braziliense
postado em 01/08/2020 04:14
O momento é oportuno para lamentar a involução dos dois principais times do DF. Há 20 anos, o Gama rodava a baiana numa longa batalha contra a CBF, e impedia a entidade comandada, à época, por Ricardo Teixeira, de organizar o Brasileirão. Há 20 anos também era fundado Brasiliense — aniversariante do dia. Os representantes da cidade na Série A de 1999 a 2002, e em 2005, estão na Série D.

Iniciada em 29 de julho de 2000, a Copa João Havelange foi o jeitinho dos cartolas para driblar a Justiça no Caso Sandro Hiroshi — pivô do combo de transferência e escalações irregulares por parte do São Paulo na Série A de 1999, que levou o Botafogo ao tapetão e rebaixaria injustamente o Gama. O alviverde resistiu e A CBF foi impedida de organizar o torneio.

Inventaram um frankenstein batizado de Copa João Havelange. Dividido em módulos (azul, amarelo, verde e branco) e com regulamento bizarro, o torneio com participação recorde de 116 clubes deu margem a que um time da pior “divisão” levasse o título. Permitiu, ainda, ao então campeão da Série C Fluminense figurar no módulo azul (elite). O Vasco ganhou a taça contra o São Caetano. A bagunça só acabou em 18 de janeiro de 2001.

Paralelamente à batalha vencida pelo Gama, nascia o Brasiliense. Quando tinha 652 dias, o time bancado pelo então senador cassado Luiz Estevão decidiu a Copa do Brasil 2002 com o Corinthians.

Vinte anos depois, Gama e Brasiliense são zumbis. Amargam a Série D. O alviverde conquistou a Série B em 1998. Levou 33.047 pagantes ao velho Mané Garrincha no jogo do título contra o Londrina e figurou na elite de 1999 a 2002. O Jacaré ganhou a Série C (2002), a B (2004) e disputou a A (2005). Ambos ostentam lindas histórias, mas administram mal seus patrimônios.

O Gama é o mais popular do DF. Há torcedores em todos os cantos do quadrado, porém, não consegue faturar com a legião de apaixonados. O balanço de 2019 aponta prejuízo de R$ 980.609,71. Perguntar não ofende: por que o Gama não consegue atrair parceria como a do Bragantino-SP? Tem história, torcida, estádio, base forte e está na pindaíba. Talvez, seja uma solução virar Red Bull Gama.

O patrimônio do Brasiliense é o dinheiro do dono, mas o clube chega aos 20 anos com velhos vícios. É fissurado em medalhões. A maioria sem compromisso com o projeto. Grana demais, gestão profissional de menos justificam o fato de o time com potencial financeiro para figurar na Série B, volta e meia na A, estar atolado na D há sete anos. Veja o desperdício: de 2014 para cá, times pobres subiram para a C: Jacuipense, Imperatriz, Atlético-AC, Juazeirense, Moto Club.

Gama e Brasiliense deram marcha à ré. Por sinal, o DF construiu o estádio mais caro da Copa 2014 sob o argumento de que a arena seria legado. Ajudaria no desenvolvimento dos clubes da capital. Pois bem. Desde o Mundial, o DF só disputa a Série D. Numa projeção super otimista, Brasília pode voltar à elite em 2023. Gama e/ou Brasiliense teriam de iniciar escalada épica a partir deste ano. Oremos.



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