postado em 22/04/2008 16:37
Sem alarde, a Polícia Federal (PF) se prepara para tomar o depoimento da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) até meados de maio no inquérito que apura o dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). A Folha Online apurou que a idéia é ouvir a ministra como testemunha e não indiciada ou suspeita do vazamento de informações sigilosas referentes ao uso de cartões corporativos e contas "B" durante a gestão do ex-presidente.Oficialmente, a Polícia Federal nega que pretenda ouvir a ministra ou que qualquer depoimento de envolvidos no caso seja cogitado pelo delegado responsável pelo inquérito, Sérgio Menezes. Por Dilma ocupar um cargo de confiança no primeiro escalão do governo, terá direito a escolher dia, horário e local que quer prestar esclarecimentos. Parlamentares afirmam que a ministra não deverá se furtar a dar o depoimento.
Em nome da credibilidade da instituição, policiais federais que acompanham as investigações sobre o dossiê não pretendem limitar as investigações no inquérito --como chegou a ser proposto pelo governo. Interlocutores da PF afirmam que a idéia é apurar, além do vazamento de informações que deu origem do dossiê, quem são os responsáveis e quais os objetivos da realização do levantamento de dados da Casa Civil com informações sobre gastos da gestão FHC.
Nas investigações, os policiais afirmam não haver dúvidas de que se trata de um dossiê e não de um banco de dados, como informam alguns integrantes do governo. A principal diferença entre os tipos de documentos, segundo os investigadores, é que dossiê tem um foco definido em determinadas situações, enquanto o banco de dados seria um levantamento mais amplo dos gastos.
Depoimento
Antes de ir à Polícia Federal, a ministra prestará depoimento na Comissão de Infra-Estrutura do Senado, no dia 30 de abril, quando oficialmente prestará esclarecimentos sobre o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Oposicionistas pretendem ampliar o debate para incluir questionamentos sobre o dossiê e sua suposta elaboração na Casa Civil.
A comissão também aprovou requerimento de convocação para Dilma se explicar sobre o dossiê, mas o senador Romero Jucá (PMDB-RR) vai tentar derrubar a matéria com o argumento de que o vazamento de informações na Casa Civil não é tema a ser discutido na Comissão de Infra-Estrutura.
"Se a ministra tiver que ser convocada para falar sobre cartões corporativos, deve vir à CPI", defendeu Jucá. A CPI dos Cartões, no entanto, já rejeitou cinco requerimentos de convocação da ministra após sucessivas manobras da base aliada do governo.