postado em 24/04/2008 19:22
Membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Sistema Carcerário reclamam de abandono por parte da Câmara dos Deputados. Desde que iniciaram os trabalhos, em setembro do ano passado, dizem ter recebido um tímido apoio do presidente da Casa, Arlindo Chinaglia. Atualmente, às vésperas de apresentarem o relatório final sobre as condições do sistema no Brasil, tiram dinheiro do bolso para pagar despesas com panfletos, viagens, salário de assistentes e captação de imagens nas penitenciárias por onde passam.A insatisfação foi traduzida pelo relator da Comissão, deputado Domingos Dutra (PT-MA). Ele pretende produzir, em maio, o relatório final, que trará registros fotográficos e audiovisuais. ;Mas precisamos de apoio da Câmara para isso. Outro dia, gastei R$ 1.900 para produzir panfletos de uma audiência pública. Pagamos do bolso as despesas com filmagens que fazemos nas visitas. Se não fosse o ministro [Nelson] Jobim (Defesa) disponibilizar avião para nossas viagens, essa Comissão já tinha morrido aqui na Câmara;, diz Dutra.
Na quarta-feira, em audiência pública, Dutra pediu aumento de pessoal para dar seguimento aos trabalhos da CPI. ;Pelo volume de tarefas que temos, nós deveríamos ter mais assessores para nos municiar. Visitamos presídios por aí, corremos risco de vida, de pegar doenças, merecemos mais apoio;, reclamou. Nesta quinta-feira, a Comissão esteve pela segunda vez no presídio da Papuda, em Brasília. ;Concluímos umas entrevistas com uns presos, mas não vimos melhora. A superlotação é um dos principais problemas;, conclui o relator.
Ralatório
A apresentação do relatório final da Comissão foi marcada para o dia 20 de maio. O relator confirma que algumas pessoas serão indiciadas, mas não antecipa quantas, nem quais. O documento irá enfatizar a omissão de autoridades que tratam do Sistema Carcerário brasileiro. Hoje, o país gasta, em média, R$ 1.500 por preso, apesar de as penitenciárias estarem em estado de abandono. ;Ninguém quer sair de seu gabinete para visitar uma cela com 60 homens amontoados em um espaço destinado para 12. As pessoas têm nojo, indiferença;, critica o deputado maranhense Domingos Dutra.