postado em 25/04/2008 16:52
Em nota divulgada na tarde desta sexta-feira, o deputado Paulo Renato Souza (PSDB-SP) tenta justificar os documentos da CPI mista dos Cartões que mostram despesas pagas pelo governo à sua mulher, Carla Grasso, e notas fiscais seqüenciadas de uma locadora de veículos no Rio de Janeiro na época em que ele era ministro da Educação no governo de Fernando Henrique Cardoso.
O senador João Pedro (PT-AM) distribuiu nesta sexta notas fiscais de hospedagem de Paulo Renato em São Paulo e Belo Horizonte. Nas notas, constam o nome de Carla Grasso, atual mulher dele e, na época, namorada. O petista questiona as despesas pagas pelo governo para ela. Em sua resposta oficial, Paulo Renato é enfático. "O nome da Sra. Carla Grasso, hoje vice-presidente da companhia Vale, consta em duas notas de hotel por ser minha esposa", diz, sem mencionar se é lícito ou não o pagamento de despesas dela pelo governo. Procurada pelo Correio, a assessoria do deputado informou que ele não vê problemas nisso. O deputado entende, explicou a assessoria, que não há nada de errado em pagar a hospedagem dela em viagens oficiais feitas por ele.
De acordo com a documentação da CPI, foi emitida uma nota fiscal no valor de R$ 2.153,10 em nome de Carla Grasso referente à hospedagem no Sheraton Mofareej Hotel, em São Paulo, no feriado de 7 de setembro de 2001, quando Paulo Renato era ministro. Outra nota traz o nome dela e dele e trata de hospedagem no Ouro Minas Palace Hotel no dia 11 de março de 2001. O valor é de R$ 562,30.
João Pedro divulgou também notas fiscais seqüenciadas de uma mesma empresa de transporte no Rio de Janeiro. Segundo o senador, foram feitas 37 viagens à cidade entre 19 de janeiro e 15 de dezembro de 2001, registrando um gasto de R$ 25 mil. Segundo Paulo Renato, não há irregularidades nessas despesas. "A empresa era paga segundo normas vigentes no Ministério da Educação e continuou a ser utilizada após o término da minha gestão em 2002", afirmou.
Na nota, o tucano ainda provoca o senador João Pedro, lembrando que ele ocupa o mandato como suplente do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR). "Reitero meu compromisso com a transparência, bem como o meu desafio ao Presidente da República, aos seus ministros e ao suplente de senador pelo PT do Amazonas, que me acusa, a tornarem públicos os seus gastos de representação".
Leia abaixo a íntegra da nota:
" Nota à Imprensa
Paulo Renato Souza ; Deputado Federal-PSDB-SP
Em entrevista, o suplente de senador João Pedro, no exercício do mandato pelo PT do Amazonas, me acusa de ter usado indevidamente recursos do Ministério da Educação (MEC) em viagens sem caráter oficial. De acordo com as informações obtidas mediante o habeas data que impetrei em março de 2008, já colocadas à disposição da imprensa, tenho a destacar os seguintes pontos:
1. Durante meus 8 (oito) anos à frente do Ministério da Educação, foram registrados 100 (cem) itens de hospedagem fora de Brasília, o que perfaz uma média mensal de 1,04 viagens por todo o país.
2. O número de hospedagens na cidade do Rio de Janeiro se justifica: é uma tradicional sede de eventos aos quais o ministro deve comparecer. A partir de 2002 passou a ser também a minha residência.
3. Registros de hospedagem em São Paulo se verificam em 1995, em razão da minha mudança de domicílio dos EUA para o Brasil naquele ano, e no período 2000/2001, em razão da dissolução de meu primeiro matrimônio, ocorrida em novembro de 1999.
4. O nome da Sra. Carla Grasso, hoje vice-presidente da companhia Vale, consta em duas notas de hotel por ser minha esposa.
5. Na questão dos aluguéis de carros, não há similaridade com gastos efetuados por meio de cartões corporativos pelos ministros do atual governo. A empresa LCM era paga segundo normas vigentes no Ministério da Educação e continuou a ser utilizada após o término da minha gestão em 2002.
Reitero meu compromisso com a transparência, bem como o meu desafio ao Presidente da República, aos seus ministros e ao Suplente de senador pelo PT do Amazonas, que me acusa, a tornarem públicos os seus gastos de representação."
Leia mais sobre o assunto na edição impressa do Correio deste sábado (26/04)