postado em 06/05/2008 09:38
Após uma reunião tensa, marcada por bate-bocas e troca de insultos, o ex-governador Geraldo Alckmin foi indicado na noite desta segunda-feira (05/05) pré-candidato do PSDB a prefeito de São Paulo pelo presidente do diretório paulistano do partido, José Henrique Reis Lobo.
A indicação terá de ser referendada na convenção do partido que deve ocorrer, segundo a lei eleitoral, até o final de junho. A candidatura não chegou a ser submetida aos 71 membros do diretório, como estava programado e era a expectativa de Alckmin e de seu grupo, que planejavam transformar o encontro em uma festa.
Mas tucanos que defendem o apoio à reeleição do prefeito Gilberto Kassab (DEM) devem recorrer da decisão, enfrentar Alckmin na convenção e aprofundar a divisão do partido. Serão 1.228 delegados aptos a votar. Uma contraproposta terá de reunir 30% desse total.
Por volta das 22h30, Lobo evocou prerrogativas de seu cargo e de uma resolução do diretório nacional do partido para referendar a decisão tomada pela Executiva Municipal semana passada, que lançou Alckmin candidato.
"Comunico a todos vocês que a Executiva do diretório municipal do PSDB, cumprindo os seus compromissos e respeitando a vontade manifesta da militância e da base partidária, vai levar à convenção municipal do PSDB o nome de Geraldo Alckmin", anunciou Lobo.
Imediatamente o grupo capitaneado pelo secretário municipal de Esportes, Walter Feldman, e pelo vereador Gilberto Natalini, que defendeu na reunião a desistência de Alckmin em prol da reeleição de Kassab, acusou Lobo aos gritos: "Arbitrário, arbitrário".
Kassab era vice de José Serra até 2006, quando o tucano deixou a administração municipal para vencer a eleição ao governo do Estado. O staff "serrista", do qual Feldman faz parte, permanece na prefeitura e defende a aliança com o DEM.
Alckmin chegou à sede do diretório, no centro de São Paulo, logo após o anúncio de Lobo. "A Executiva apresentou por unanimidade [a candidatura própria]. É preciso respeitar a maioria", disse ele. Questionado sobre a divisão do partido, contemporizou: "Na campanha vai estar todo mundo junto".
O deputado federal Julio Semeghini, colaborador de Alckmin, sintetizou a sensação de seu grupo: "Estou feliz, mas preocupado. Amanhã é dia de juntar os cacos".
À tarde, a bancada do PSDB na Câmara Municipal havia anunciado que pretende enfrentar Alckmin, no voto, na convenção do partido.
Insultos
A reunião começou por volta das 20h, e Feldman foi um dos primeiros a discursar. "É muito estranho que uma candidatura comece assim. A única unidade possível se dá em torno da desistência de Geraldo Alckmin", afirmou ele, embaixo das vaias e dos gritos de "vendido" dos militantes que apóiam o ex-governador e que lotaram o espaço reservado à platéia na sede do PSDB paulistano.
Ao final, foi oferecido um churrasco "de comemoração". Para o grupo pró-Kassab, foi uma forma de atrair "claque".
O vereador Tião Farias rebateu: "Aliança com o DEM e com o Quércia não dá. Walter [Feldman], o PSDB tem que ser a cabeça de qualquer coligação".
Kassab anunciou aliança com o ex-governador Orestes Quércia (PMDB), desafeto do governador Mario Covas, morto em 2001 e de quem Farias era um dos auxiliares mais próximos. O clima esquentou ainda mais e houve um princípio de tumulto, só controlado após a intervenção de Lobo.
"Nosso compromisso é com São Paulo, com a população", tentava justificar Feldman.