Politica

Governistas mantêm estratégia de questionar Dilma somente sobre o PAC

Independentemente da posição da base aliada, ministra sinalizou que vai responder a todas as perguntas no depoimento

postado em 06/05/2008 20:04
A base aliada do governo vai manter a estratégia de abordar exclusivamente o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal no depoimento da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à Comissão de Infra-Estrutura do Senado nesta quarta-feira. Embora Dilma já tenha sinalizado que vai responder a todas as perguntas no depoimento, a estratégia dos governistas é deixar para a oposição as perguntas sobre o vazamento de informações na Casa Civil que deu origem ao dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "Não tem estratégia, mas a ministra vai falar sobre o PAC. Tudo vai depender dos termos em que as coisas forem colocadas. Estamos tranqüilos, sem angústia, sem agonias. A oposição pode perguntar o que quiser, o regimento do Senado diz que a exposição dela é sobre o PAC", afirmou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). A ministra vai levar para a reunião apresentações em power point com informações sobre o PAC, o que deve estender a sua exposição inicial por mais tempo que a meia-hora prevista pelo regimento do Senado. Jucá disse que pediu à ministra para levar os gráficos para que a oposição tenha todos os detalhes sobre o PAC. Bem-humorado, o senador admitiu que os gráficos poderão "cansar" a oposição antes do início dos questionamentos a Dilma, uma vez que a ministra é conhecida pelas suas longas apresentações com gráficos computadorizados. "Os números são muito importantes, a oposição tem que receber essa gama de informações. Isso é para atender a oposição, não podemos deixá-los sem informações", ironizou Jucá. O líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN), disse que a disposição da oposição é concentrar o depoimento de Dilma no dossiê. "É o grande momento para a ministra esclarecer esse assunto. Ou então ela terá que se submeter a outras instâncias no Congresso. Se tiver argumentos, pode pôr um ponto final nesse assunto, ou não", disse. Apesar da disposição em endurecer o tom contra Dilma, Agripino garantiu que a oposição será cordial com a ministra. "Não pense ela que o assunto [dossiê] não será abordado. Não haverá arrogância nem desrespeito, mas não faltará energia nas cobranças", afirmou. O presidente da Comissão de Infra-Estrutura, senador Marconi Perillo (PSDB-GO), disse que não vai cercear a liberdade da oposição nos questionamentos à ministra. Mas admitiu que, no requerimento de convocação, está previsto que Dilma fale somente sobre o PAC. "Vamos conduzir a sessão de forma equilibrada, respeitosa. O objetivo é debater o PAC, mas também não vamos cercear a liberdade de cada senador, nem podemos fazer isso. Vou manter a imparcialidade", afirmou. Perillo disse que, inicialmente, Dilma terá meia-hora para falar sobre o PAC. Em seguida, vai ceder a palavra ao autor do requerimento, senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), para realizar os questionamentos à ministra. Na terceira etapa da audiência, os demais parlamentares poderão fazer perguntas a Dilma. O senador disse que vai esperar o depoimento da ministra para definir se manterá a convocação de Dilma à comissão para falar exclusivamente dos cartões corporativos e dossiê. Em um cochilo dos governistas, a oposição conseguiu aprovar outro requerimento de convocação para que a ministra fale sobre esses dois assuntos, mas Jucá prometeu recorrer da sua aprovação. "Vai depender se esses assuntos vão ser tratados, ou não, no depoimento. O que o Senado e a sociedade esperam é que essas questões sejam esclarecidas", afirmou Perillo.

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