Jornal Correio Braziliense

Politica

Ex-dirigentes dizem que PDT cobrou para oferecer legenda

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A cúpula do PDT paulista vem destituindo de forma sistemática vários políticos ligados ao deputado estadual Geraldo Vinholi (PDT-SP) dos comandos regionais do partido. Alguns dos afastados estão no PDT há quase 30 anos. As destituições, diz Vinholi, atingiram cerca de 40 comissões provisórias do PDT no Estado e a legenda acabou sendo negociada com outros políticos mediante pagamentos a pessoas ligadas ao presidente do partido em São Paulo, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho. João Farias, ex-integrante do PDT em Araraquara, diz em documento enviado à secretaria geral da sigla que lidava com "verdadeiros batedores de carteira", que exigiam dinheiro para que ele e outros políticos locais permanecessem à frente do partido. Ele cita especificamente Cristóvão da Silveira, ligado ao PDT, como o "encarregado de finanças" que apresentou uma conta "ilegítima" de R$ 72 mil que teria de ser paga para que pudesse continuar à frente da legenda na cidade. Localizado por meio do gabinete de Paulinho em Brasília, Silveira disse que não poderia falar sobre o assunto e que não havia advogados do PDT disponíveis para fazê-lo. Além de Silveira, políticos do interior apontam José Gaspar, vice-presidente estadual do PDT, como um dos responsáveis pelas negociações em torno do comando do partido. "Fui convidado pelo presidente do PDT de Araraquara para ingressar no partido. Uma semana depois, foi extinta a comissão estadual e apresentaram essa conta de R$ 72 mil para que ela continuasse funcionando", diz Farias. Segundo ele, "uma das alternativas que sugeriram para levantar os recursos era negociar com um possível candidato a prefeito em Araraquara o pagamento desse valor por conta do tempo de TV do PDT". Valter Bitencourt, ex-dirigente do PDT em Olímpia por 11 anos, diz que algo semelhante ocorreu na sua cidade. "Outras pessoas de fora do partido pagaram o que a cúpula dizia ser uma dívida pendente e ainda deram outro valor, que desconheço, para ficar com o comando", afirma. Áureo Souza, membro do PDT em Ibitinga desde 1978, afirma que o grupo de Silveira e Gaspar exigiu dele R$ 17 mil para que pudesse comandar o partido na cidade. "Depois, aceitaram parcelar em R$ 8.000 e R$ 9.000. Me senti chantageado, pois diziam que tinha gente com dinheiro interessada", afirmou Souza, que desistiu do assunto em seguida. Geraldo Vinholi, que também foi retirado da secretaria estadual do partido recentemente, é o pivô de um "complô" do grupo de Paulinho, segundo a Polícia Federal, para desestabilizá-lo. A mesma ação visava o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), que mantinha Vinholi à frente da secretaria do Trabalho paulistana até pouco mais de um mês. Vinholi atribui a ofensiva de Paulinho à sua resistência, na secretaria do Trabalho, a entregar para um sindicato ligado à Força Sindical de Paulinho (a CNTM) dois centros de treinamento de mão-de-obra. Na primeira proposta da CNTM, o custo por recolocação de trabalhadores nesses centros sairia pelo dobro do gasto pelo Estado de São Paulo para fazer o mesmo serviço. A Folha tentou falar com Paulinho desde anteontem. Na maior parte do tempo, o celular estava desligado e com a caixa postal cheia. Nas duas vezes que um assessor atendeu, a informação foi a de que o deputado não poderia falar. No celular de Gaspar, o telefone era atendido e desligado a cada tentativa.