postado em 08/05/2008 11:37
O líder da minoria no Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO), admitiu nesta quinta-feira (08/05) que o líder de seu partido, José Agripino Maia (RN), cometeu um "escorregão verbal" durante o depoimento da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) na Casa nesta quarta-feira. Na ocasião, Agripino insinuou que ela mentiria no Senado porque o fez na época da ditadura militar.
"O líder Agripino tem de ser avaliado pelo conjunto, ele é brilhante e um dos maiores líderes da história do Senado. Um escorregão pode acontecer. Foi um escorregão verbal, mas nada que venha a macular sua história e conduta", afirmou Demóstenes, ao ser questionado sobre a atuação de Agripino.
Durante o depoimento de Dilma à Comissão de Infra-Estrutura do Senado, Agripino citou uma entrevista da ministra na qual ela reconhece que mentiu para escapar de torturas físicas na ditadura militar. O democrata afirmou que a mentira se justificava, na época, uma vez que o país vivia um regime de exceção. Mas comparou a confecção do dossiê com as práticas da ditadura e fez um apelo para que Dilma esclareça os fatos.
"Eu tenho medo de estarmos voltando ao regime de exceção. O Estado policialesco permite o Estado de exceção. O dossiê, na minha opinião e de muitos brasileiros, é o retorno do regime de exceção para encostar algumas pessoas na parede, entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a dona Ruth Cardoso. Com todo o respeito, eu gostaria que dessa reunião resultasse o esclarecimento definitivo", afirmou Agripino.
Com a voz embargada, Dilma reagiu aos comentários de Agripino. "Não é possível supor que se dialogue no choque elétrico, no pau de arara, não há possibilidade de um diálogo civilizado, qualquer comparação entre a ditadura militar e a democracia brasileira, só pode partir de quem não dá valor à democracia", disse a ministra.
O ex-marido da ministra, Carlos Araújo, criticou duramente a forma como Agripino reagiu. Para ele, o senador foi "grosseiro" e deveria atacar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas não fazer referências a um passado do período da ditadura.