postado em 08/05/2008 14:30
O senador José Agripino (DEM-RN) reagiu nesta quinta-feira (08/05) às críticas à sua conduta no depoimento da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à Comissão de Infra-Estrutura do Senado. O senador disse que Dilma adotou postura de "vítima", conseguindo transformar em "emoção" palavras que não tinham como objetivo constrangê-la perante a comissão.
"Acho que fui mal interpretado. Houve uma emocionalização da minha pergunta porque a ministra foi esperta e conseguiu vitimizar-se. Ela com esperteza política e com o uso da emoção conseguiu se vitimizar usando um argumento que não era o da minha pergunta", afirmou.
A oposição crucificou o senador, nos bastidores, pelo bom desempenho da ministra no depoimento. Em reunião reservada, parlamentares do DEM criticaram duramente a postura do parlamentar no depoimento de Dilma. A avaliação dos oposicionistas é que, na resposta a Agripino, Dilma conseguiu impor-se perante os parlamentares sem dar chances para perguntas que a colocassem em xeque. Em conversas com interlocutores, Agripino disse que não admitia ser crucificado isoladamente uma vez que os demais senadores da oposição também não endureceram os questionamentos à ministra.
Oficialmente, porém, o líder do DEM disse que assume o "ônus da crítica" ao reconhecer que houve uma "deficiência" da oposição nas perguntas apresentadas a Dilma.
No depoimento, Agripino pediu que a ministra revelasse todos os detalhes da montagem do dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) sem usar da mesma postura adotada por ela para fugir as torturas no período da ditadura. O senador leu trechos de uma entrevista de Dilma na qual ela afirmou que "mentia muito" naquele período, por isso insinuou que não repetisse a mesma prática.
Agripino disse que foi mal interpretado, uma vez que não teve como objetivo colocar que a ministra seria capaz de mentir. "Cabe a mim corrigir e repor o meu pensamento. Era um esclarecimento do dossiê para que não ficássemos com um assunto que envolve o uso privilegiado de informações de Estado em benefício de um governo, encostando no canto da parede pessoas como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua mulher", afirmou. Defesa.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), saiu hoje em defesa de Agripino durante discurso em plenário. O tucano disse que o senador democrata não pode ter sua "brilhante trajetória parlamentar" julgada por um "lapso". "Como a realidade é profundamente dialética, desse episódio se tira uma limonada. Claro que a Ministra Dilma Rousseff não vai ter o mesmo gesto, o mesmo arroubo justo de ontem, na frente do presidente Lula, quando o presidente voltar a elogiar o General Médici, que patrocinava com o seu governo hediondo as torturas e os torturados", disse Virgílio.
O tucano admitiu que foi "um dos poucos" a abordar a questão do dossiê no depoimento de Dilma, assim como Agripino. Segundo o senador, Dilma se aproveitou de um momento "infeliz" para não apresentar explicações convincentes sobre a confecção do dossiê. "Não vai ser isso que vai empanar o brilho do mandato do senador José Agripino, que é um dos mais completos senadores desta legislatura", afirmou.