postado em 08/05/2008 16:56
Irônico, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira que o senador Agripino Maia (DEM-RN) pensou que iria "abafar" nesta quarta-feira no depoimento da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) no Senado ao colocá-la sob constrangimento. Mas, segundo o presidente, o senador é que acabou "em situação delicada". Para Lula, Agripino não deveria ter tido tal atitude.
"Em relação às declarações do Agripino, eu acho que ele fez o que não deveria fazer. Mas de qualquer forma, um homem com a experiência política dele achou que certamente iria abafar, que iria colocar a Dilma em uma situação delicada, mas no fundo, no fundo eu acho que ele é que ficou em uma situação delicada", disse o presidente, após cerimônia no Palácio do Planalto.
Lula se referiu à intervenção de Agripino, que durante o depoimento de Dilma insinuou que ela poderia mentir porque admitiu em uma entrevista que faltou com a verdade no período da ditadura para escapar de torturas físicas.
No entanto, o presidente reiterou os elogios ao comportamento dos parlamentares na comissão, repetindo em parte o que disse pela manhã. "Eu quero ressaltar que foram nove horas de debate e o Congresso se portou como um Congresso civilizado, da forma mais democrática possível e a ministra respondendo aquilo que ela tem que responder, as perguntas sobre o PAC (Plano de Aceleração do Crescimento)", disse. Depois de elogiar a ministra publicamente, em solenidade de manhã, o presidente voltou a destacar o desempenho de Dilma ao depor ontem, por mais de nove horas, na Comissão de Infra-Estrutura do Senado.
"Acho que houve duas coisas importantes: primeiro, a Dilma é muito segura das coisas que tem que fazer, segundo, eu acho que o Senado foi muito democrático, não houve nenhuma ofensa e nem nenhuma pergunta desaforada", afirmou o presidente.
Em tom de brincadeira, ao ser questionado se havia acompanhado a sessão inteira, Lula reagiu: "Eu não acompanhei o depoimento da ministra Dilma, porque quando alguém presta depoimento pro Senado, alguém tem que trabalhar nessa República. Mas eu vi as notas da imprensa hoje, da imprensa ontem." Segundo Lula, as perguntas sobre o dossiê serão permanentes e infindáveis. "As perguntas sobre o dossiê eu já sabia, eles vão passar a vida inteira perguntando sobre dossiê e nós vamos passar a vida inteira fazendo o nosso cadastramento e o nosso banco de dados porque nós temos a obrigação de fazer isso", disse ele.