postado em 08/05/2008 20:34
O governo sepultou os planos da ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Ellen Gracie de disputar uma vaga na Corte Internacional de Justiça, em Haia, na Holanda. O Itamaraty já comunicou à ministra que seu projeto pessoal já não tem a menor chance de prosperar. Os diplomatas argumentaram que a campanha do outro candidato brasileiro à vaga, Antônio Augusto Cançado Trindade, juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos, deslanchou. Ele deverá disputar a vaga com o colombiano Rafael Nieto-Navia, cuja campanha, apoiada pelos Estados Unidos, também está avançada. Nesse quadro, resumiu o Itamaraty, não havia mais espaço para Ellen.
Mesmo antigos colaboradores e interessados na vaga não acreditam na saída próxima da ministra. Diante disso, Ellen voltou aos processos no STF, já recompôs seu gabinete e espera agora outra chance para deixar o tribunal. Outro caminho cogitado para Ellen seria o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, mas esse caminho já estaria descartado, de acordo com ministros do governo. No bastidor do governo, fala-se até na possibilidade de um cargo nas instâncias jurídicas da Organização Mundial do Comércio (OMC), o que depende muito do Itamaraty e do interesse maior do ministério em ver diplomatas especializados ocupando esses cargos.
Outra possibilidade, suscitada por alguns colegas de tribunal, é a simples aposentadoria, já que a ministra cumpriu cinco anos de mandato no STF. Mas esses mesmos ministros argumentam que a carreira de Ellen, pós-Supremo, não lhe garantiria oportunidades de trabalho em uma grande banca de advocacia ou na área acadêmica. O perfil profissional da ministra Ellen, traçado no seu currículo, mostra que ela não percorreu nenhum desses caminhos durante sua vida profissional. Desde 1971, ela ocupava cargos no serviço público. A advocacia, portanto, não seria sua vocação.