postado em 09/05/2008 14:53
A oposição vai apresentar na semana que vem requerimento pedindo a prorrogação por mais 60 dias dos trabalhos da CPI dos Cartões Corporativos, prevista para encerrar suas atividades no dia 8 de junho. Com novos detalhes sobre o vazamento de informações da Casa Civil que deu origem ao dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, os oposicionistas querem esperar o fim das investigações da Polícia Federal sobre o caso antes de encerrarem os trabalhos.
O deputado Vic Pires (DEM-PA) disse que vai pessoalmente protocolar o requerimento de prorrogação dos trabalhos porque considera que a CPI não pode encerrar as atividades antes das conclusões da PF. Pires espera que, já na semana que vem, a comissão possa analisar sua sugestão de continuar as investigações por mais dois meses.
Nesta quinta-feira, a Justiça Federal prorrogou por mais 60 dias as investigações do vazamento do dossiê após acatar pedido feito pelo delegado responsável pelo inquérito, Sérgio Menezes. As investigações estavam previstas para terminar na última quarta-feira, mas PF disse que precisava de mais tempo para concluir as investigações.
A presidente da CPI, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), considera precipitado falar em prorrogação dos trabalhos uma vez que a comissão ainda tem pelo menos um mês de trabalhos. Mas não descartou a possibilidade da comissão estender suas atividades caso as investigações sobre o dossiê estejam em andamento. "É possível, mas como temos um mês pela frente, pretendo só fazer isso se for necessário", afirmou.
O relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), disse que também não descarta a prorrogação dos trabalhos. O deputado manteve, porém, a sua previsão de apresentar o relatório final à comissão no dia 8 de junho, como previsto no cronograma da CPI.
"Essa é uma tese que é preciso ser considerada. O importante é que, neste momento, para não perseguir nem proteger ninguém, temos que nos balizar na conclusão do inquérito da Polícia Federal, embora os dados que estão aí precisem ser considerados", afirmou.
Vazamento
Reportagem publicada nesta sexta-feira afirma que a Polícia Federal e a sindicância interna da Casa Civil identificaram o secretário de Controle Interno do órgão, José Aparecido Nunes Pires, como o vazador do dossiê elaborado no Palácio do Planalto com gastos do ex-presidente FHC.
As investigações detectaram troca de e-mails entre José Aparecido e um assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Aparecido foi o único dos cinco secretários e diretores da Casa Civil a ter o computador apreendido pela sindicância aberta por Dilma Rousseff. Os e-mails entre Aparecido e André Fernandes - consultor concursado do Senado, lotado na segunda vice-presidência (cujo titular é Álvaro Dias) - trazem conversas de natureza pessoal. Não fazem menção ao dossiê e ao levantamento das contas do governo tucano.
A PF e a sindicância interna têm provas de que foi anexada a uma dessas mensagens, datada de 20 de fevereiro, a planilha em Excel de 27 páginas com gastos de FHC, Ruth Cardoso e ex-ministros. A planilha registrava uma semana do trabalho de levantamento de dados do governo tucano, iniciado em 11 de fevereiro.
O secretário é militante histórico do PT. Foi levado para a Casa Civil por José Dirceu, o antecessor da ministra Dilma. Funcionário de carreira do Tribunal de Contas da União, assessorou vários deputados petistas em CPIs, incluindo Dirceu, cassado em 2005 no escândalo do mensalão.