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Planalto quer adiar ao máximo a convocação de José Aparecido na CPI dos Cartões

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postado em 12/05/2008 09:10
Governistas da CPI mista dos Cartões articulam adiar ao máximo o depoimento do secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, à comissão. Receosos de que o servidor venha a revelar quem, no Palácio do Planalto, ordenou a confecção do dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, parlamentares da base aliada trabalham para desviar o foco da investigação para temas com menor potencial de dano ao governo, como os escândalos nas fundações vinculadas a universidades federais. Os aliados tratam como inevitável a votação do requerimento que convoca José Aparecido para falar na CPI. A presidente da comissão, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), incluiu o item na pauta de votações de amanhã, ao lado da convocação de André Fernandes. Ele é assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) e recebeu de Aparecido, em 20 de fevereiro, o e-mail com a planilha Excel contendo gastos de ministros da gestão FHC. Para a base, votos contra o requerimento evidenciaria um receio de que Aparecido possa comprometer a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Os governistas da CPI reúnem-se amanhã de manhã para traçar a estratégia. Uma das alternativas em estudo é negociar para que o depoimento do reitor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ulisses Fagundes, flagrado utilizando seu cartão corporativo em compras na Disney World, entre na fila à frente da convocação de Aparecido e de Fernandes. ;A questão é se já chegou o momento para isso (convocar Aparecido). Precisamos ter algum dado à mão para não darmos um tiro n;água;, argumenta o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), referindo-se ao laudo ainda inconcluso da sindicância da Casa Civil que identificou o foco do vazamento. O temor do governo é justificado. Acuado e sob ameaça de indiciamento no inquérito da Polícia Federal que apura o caso, Aparecido deu sinais de que revelaria que o dossiê foi confeccionado a mando da secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, de quem é desafeto, e do secretário de Administração, Norberto Timóteo. Antes de viajar a Goiânia, na sexta-feira, Aparecido chegou a ser procurado por emissários do Planalto, que teriam lhe garantido que sua punição se resumiria apenas em uma infração administrativa. Segurança O secretário de Controle Interno seria beneficiado por uma nova interpretação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência sobre o sigilo dos dados vazados. Segundo a informação divulgada, os gastos de ex-presidente não precisam permanecer sob segredo por não mais colocarem em risco a segurança do governante. Assim, Aparecido ficaria livre da acusação de divulgação de informações protegidas no inquérito da PF. Aproveitando-se da insegurança do governo, a oposição tentará aprovar, na sessão de amanhã, a convocação de Aparecido. Nessa hipótese, caberá à senadora Marisa Serrano agendar a data do depoimento. A avaliação é de que a convocação de Aparecido pode criar um embaraço muito maior para Dilma e seus subordinados do que para Álvaro Dias, a quem o governo acusa de participar do vazamento dos gastos de FHC. ;Não vemos problemas na convocação do André (Fernandes). Se a base votar contra a convocação, será um sinal de grande receio;, alfinetou o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). A oposição resistirá ao adiamento da convocação de Aparecido. Os quatro sub-relatórios previstos devem ser entregues ao relator, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), até 21 de maio. Se não for prorrogada, a CPI terá de encerrar seus trabalhos em 9 de junho. Ou seja, o depoimento do servidor da Casa Civil pode dar fôlego novo ao discurso oposicionista na reta final das investigações e uma chance de golpear no núcleo de confiança de Dilma. Dados suprimidos Sampaio insistirá também na convocação do presidente do Banco do Brasil, Antônio Francisco de Lima Neto, para explicar por que foram informações remitidas pela instituição às CPIs dos Bingos e dos Correios, em 2005. Durante análise dos documentos, guardados no Tribunal de Contas da União (TCU), o tucano identificou a falta de 1.016 itens referentes à gastos da Presidência da República e da Polícia Federal. Em seu levantamento, Sampaio aponta que o Banco do Brasil deixou de informar gastos com suprimentos de fundos em mais de R$ 750 mil ; R$ 550 mil da Presidência e R$ 200 mil da PF. ;É preciso explicar quem foi responsável pela supressão dos dados e a mando de quem;, explica o deputado.

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