postado em 12/05/2008 13:20
Brasília, DF - A oposição vai deflagrar operação na CPI dos Cartões Corporativos na tentativa de comprovar o envolvimento da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) no vazamento de informações que deu origem ao dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Os oposicionistas avaliam que Dilma não sairá ilesa do episódio porque apostam na participação de seu braço-direito, Erenice Guerra, na confecção do dossiê.
Senadores do DEM e PSDB afirmam que o secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, não agiu por conta própria ao vazar o dossiê para o assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), André Fernandes. A oposição acredita no envolvimento direto de Erenice, que é secretária-executiva do órgão, como responsável por ordenar a confecção do dossiê.
Como Erenice é a servidora de confiança da ministra na pasta, os oposicionistas estão convictos de que Dilma não conseguirá deixar de sair arranhada das investigações - mesmo após o desempenho positivo da ministra em depoimento na Comissão de Infra-Estrutura do Senado, na semana passada.
O deputado Vic Pires (DEM-PA) prometeu apresentar nesta terça-feira requerimentos de convocação de Dilma e Erenice. A presidente da CPI, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), também disse que pretende colocar em votação os requerimentos de convocação de Aparecido e Fernandes.
A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) também incluiu em sua pauta de votações esta semana a convocação de Dilma apresentada pelo líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). O tucano quer ouvi-la exclusivamente sobre o dossiê depois das denúncias de que Aparecido vazou as informações para o assessor de Dias.
Apesar da ofensiva contra Dilma estar fundamentada pela oposição nas investigações sobre o dossiê, a reportagem apurou que DEM e PSDB também têm como objetivo enfraquecer a ministra politicamente, depois que ela foi lançada informalmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como sua sucessora no Palácio do Planalto.
Blindagem
Os governistas, por sua vez, não escondem a preocupação com o depoimento de Aparecido à CPI porque temem que o servidor possa revelar detalhes da montagem do dossiê. Nos bastidores, senadores da base aliada do governo avaliam que o servidor pode acabar "abrindo o jogo" se for pressionado pela oposição - especialmente por ser vinculado ao ex-ministro José Dirceu.
O esperado "fogo amigo" no depoimento preocupa os parlamentares, uma vez que Aparecido não teria o compromisso de fidelidade a Dilma por ser aliado do ex-chefe da Casa Civil. O servidor também não estaria disposto a ser responsabilizado, isoladamente, pelo vazamento das informações do dossiê, por isso não descarta revelar detalhes da operação.