postado em 14/05/2008 15:38
O secretário estadual de Meio Ambiente do Rio, Carlos Minc (PT-RJ), decidiu aceitar o convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir a vaga deixada por Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente. Nesta quarta-feira, pela manhã, Minc havia negado a possibilidade de substituir Marina Silva. No entanto, segundo o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), Lula voltou a convidar o secretário para assumir a vaga. Cabral diz que hoje foi o segundo convite feito por Lula a Minc. "O presidente Lula fez o convite para mim na noite de ontem e voltou a me ligar hoje de manhã. Eu não tenho como negar esse pedido do presidente", afirmou o governador. A confirmação de Minc na pasta aconteceu depois do presidente Lula se reunir no Palácio do Planalto com o ex-governador do Acre Jorge Viana (PT), que também era cotado para o cargo. Viana não quis falar sobre o convite nem se havia recusado a oferta de assumir o Ministério de Meio Ambiente. Mas seu irmão, o senador Jorge Viana (PT-AC), chegou a dizer que Minc tinha mais perfil para assumir o ministério que o ex-governador. Viana viajou de Rio Branco (AC) para Brasília na madrugada de hoje. Ontem, o presidente falou por telefone com o ex-governador, sondando-o sobre a possibilidade de integrar o ministério. Demissão.
Marina Silva pediu demissão do cargo ontem por meio de uma carta enviada a Lula. A atitude da ex-ministra desagradou o presidente, que considerou a forma inadequada, pois teria ocorrido um excesso de divulgação. Ela entregou seu pedido de demissão em uma carta, na qual reclama da resistência que enfrentou no governo e da falta de sustentação política. "Vossa Excelência é testemunha das crescentes resistências encontradas por nossa equipe junto a setores importantes do governo e da sociedade", disse. "Em muitos momentos, só conseguimos avançar devido ao seu acolhimento direto e pessoal. No entanto, as difíceis tarefas que o governo ainda tem pela frente sinalizam que é necessária a reconstrução da sustentação política para agenda ambiental." Ministérios.
Marina vinha entrando em conflitos com outros ministérios, como a Casa Civil e a Agricultura, em casos e questões que opõem proteção ambiental a interesses econômicos. O mal-estar entre Marina Silva e Dilma Rousseff (Casa Civil) começou em julho do ano passado, por conta das negociações em torno do edital para as concessões do leilão das usinas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira (RO). Com o ministro Reinhold Stephanes (Agricultura), o desentendimento girava em torno do plantio de cana. Para Marina, Stephanes incentiva o plantio de cana em áreas degradadas da Amazônia, do Pantanal e da mata atlântica. Recentemente, Marina teria ficado descontente com a nomeação de Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) para coordenar o Plano Amazônia Sustentável (PAS).
Lula
Embora o Palácio do Planalto não tenha confirmado oficialmente que Minc será o novo ministro, no final do almoço em homenagem à primeira-ministra Angela Merkel, o presidente Lula praticamente confirmou a escolha do secretário de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc, para substituir a ministra Marina Silva. "Vou agora para o meu gabinete telefonar para o companheiro Minc", disse aos jornalistas na saída do Itamaraty, pouco depois das 15h. Lula afirmou que esperava apenas a resposta do secretário.
De início reticente, mas sem aparentar a irritação que demonstrara na véspera ; ali mesmo no Itamaraty ; com a notícia da demissão de Marina, o presidente ainda tentou esquivar-se do assunto da mudança no Ministério do Meio Ambiente. "É uma coisa hilariante: vocês estão me acompanhando o dia inteiro, viram que eu estava com a chanceler (chefe de governo na Alemanha) Merkel e não tive tempo de falar com ninguém", desconversou. "Mas falei para alguém falar com alguém", admitiu, e àquela altura a aceitação do convite por Minc já era pública, e faltava apenas o anúncio oficial.
Lula desmentiu as notícias de que teria convidado o ex-governador do Acre Jorge Viana, embora não pudesse negar que havia se reunido com ele. "Foi para falar de outro assunto", garantiu.