postado em 15/05/2008 10:05
Um dia após a realização da Operação Santa Tereza, a mulher do coronel aposentado Wilson de Barros Consani Júnior, um dos presos, disse ao marido dela que o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) mandou tranqüilizá-lo, pois iria ;tirá-lo de lá;. A conversa se deu por telefone e foi captada pela Polícia Federal, que ainda continuava a monitorar alguns dos suspeitos pelo esquema de desvios de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na ligação, a esposa de Consani afirma que o parlamentar estava ;desesperado;.
Wilson Consani funcionava como um elemento de ligação entre todos os integrantes do esquema, sendo que seu ponto de atuação era a Boate WE, onde muitos negócios relacionados a fraudes eram realizados. Ele chegou a saber, sete horas antes, que a Operação Santa Tereza seria desencadeada em 24 de abril, mas não sabia que era um dos alvos. Segundo escutas da PF, Consani tentou avisar Paulinho, mas não o encontrou, deixando recados com um parente do deputado. Já preso, ele recebeu ligação da mulher, Adriana, que teria conversado com o parlamentar sobre as prisões.
;Adriana diz que o Miguel pediu para ela ligar para Consani, diz que o Paulinho está mandando um advogado para Cosani e é para ele ficar tranqüilo;, revela a escuta telefônica captada pela PF em 25 de abril, às 9h54. O militar aposentado pergunta à mulher o que ele teria falado. Adriana diz que Paulinho está desesperado. ;Falou para Consani ficar despreocupado que ele (Paulinho) irá tirá-lo de lá, diz que (Paulinho) está muito preocupado;, acrescenta o relato dos agentes da área de inteligência da PF que fizeram as escutas telefônicas.
No dia da Operação Santa Tereza, por volta de oito horas, segundo as escutas telefônicas, Consani recebe uma ligação de uma pessoa identificada por Gil, afirmando que Paulinho, identificado no relatório como o deputado, queria falar com o militar aposentado, que disse aos policiais que tratava-se de seu advogado. ;Paulinho pergunta: e aí? Consani diz que está com a PF em sua casa. Paulinho diz: também. Quer saber por que. Consani informa que é alguma coisa sobre o BNDES;, revela o grampo da PF. O militar, então, lê o teor do mandado de prisão para Paulinho, segundo o relatório policial.
Cerca de sete horas antes, Consani fora avisado da ação da PF, que seria desencadeada às seis da manhã de 24 de abril. Ele ligou para uma pessoa identificada por Miguel, que seria um sindicalista ligado à Força Sindical. O militar se desculpou por ligar àquela hora (às 22h52), mas afirmou que tentou falar com o ;chefe maior;. Em seu depoimento, Consani disse ao delegado Rodrigo Levin, responsável pela investigação, que se referia a Paulinho. ;Miguel possivelmente seja mais um assessor do deputado Paulinho;, revela os documento da Polícia Federal.
O advogado do parlamentar, Antonio Rosella, não quis comentar as escutas telefônicas da PF. Ele reclamou que a defesa dos acusados não tem nenhum grampo para poder responder às acusações. ;As transcrições não foram dadas a ninguém. A nós, pelo menos não foi dado conhecimento;, disse Rosella, ressaltando que não se pode dar uma interpretação aos telefonemas, se não houver os diálogos completos. ;No caso envolvendo a ligação da mulher de Consani, eu penso que não seja verdade;, disse o advogado. Segundo ele, apenas parte das escutas chegaram ao processo