Politica

Oposição diz que Aparecido deve "blindar" Dilma no dossiê

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postado em 15/05/2008 17:53
A oposição acusou nesta quinta-feira o ex-secretário de controle interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, de participar de uma operação de "blindagem" à ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) para evitar que ela seja responsabilizada pela montagem do dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse que Aparecido demorou a prestar depoimento à Polícia Federal para que o governo tivesse tempo para montar uma versão que proteja a ministra nas denúncias. "O sumiço do Aparecido nos últimos dias, retardando o seu depoimento, revela que houve um acordo entre o governo e o Aparecido na linha de blindagem recíproca: ele protege as pessoas mais importantes e por elas é protegido", avaliou. O senador Renato Casagrande (PSB-ES) rebateu as acusações de que o governo teria feito uma "operação blindagem" a Dilma. "Não creio que ele tenha vindo para cá blindar alguém. Se quiser blindar, vai cair em contradição, e ele é que pode ficar em posição delicada. Eu confio que ele vai poder prestar esclarecimentos", afirmou. A oposição está disposta a apresentar requerimentos de convocação de Dilma e Erenice Guerra, secretária-executiva da Casa Civil, caso o depoimento de Aparecido não esclareça detalhes da operação dossiê. Os oposicionistas reconhecem, porém, que não têm número suficiente para aprovarem as convocações --por isso apostam as fichas nas investigações da PF. "Não podemos gerar falsa expectativa de que poderemos encarar a verdade. Temos que estimular a Polícia Federal a continuar nas investigações. Estamos depositando nossas esperanças no trabalho da Polícia Federal, que é um órgão independente", afirmou. A PF só conseguiu notificar Aparecido para prestar depoimento no inquérito que apura o dossiê nesta quarta-feira. O assessor de Dias, André Fernandes, já prestou depoimento na semana passada aos policiais. Aparecido é acusado de ter enviado o dossiê, por e-mail, para o assessor do tucano. Dias, por sua vez, teria vazado as informações para a imprensa. Silêncio Apesar do Supremo Tribunal Federal (STF) ter negado habeas corpus para Aparecido permanecer calado no depoimento à CPI, marcado para terça-feira, Dias lembrou que o ex-secretário tem o direito legal de responder somente o que não lhe comprometer no processo - uma vez que vai falar como investigado no inquérito. O senador também disse não acreditar em um eventual pedido de prisão do ex-secretário caso se recuse a responder os questionamentos dos parlamentares. No habeas corpus, Aparecido também pediu para não ser preso durante sua presença na CPI. "Raramente ocorrem prisões em CPIs até porque esse não é o papel da comissão. Esse espetáculo nós não queremos proporcionar", afirmou. Casagrande disse estar convencido de que o ex-secretário não vai conseguir permanecer calado durante a audiência na CPI. "Não creio que ele vá ficar calado. Ele pode dar as informações completas ou incompletas, mas terá dificuldade de ficar calado porque o nível de pressão e de exigência que se faz dos parlamentares e da CPI é muito forte. Então, ele terá que dizer o que aconteceu", afirmou o senador.

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