Politica

Preso na Operação Santa Tereza pediu ajuda a deputado Paulinho da Força

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postado em 16/05/2008 08:25
Escuta telefônica feita pela Polícia Federal três dias depois da Operação Santa Tereza mostrou que um dos presos, o advogado Ricardo Tosto, pediu ao deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, que interferisse a seu favor em conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O monitoramento do grupo começou em dezembro, quando a PF passou a investigar uma suposta rede de prostituição que funcionava na Boate WE, do empresário Manuel Fernandes de Bastos Filho. No decorrer da apuração, descobriu-se um esquema de desvio de dinheiro público, o que levou a PF a desencadear a Operação Santa Tereza. Entre elas estava Tosto, um advogado de São Paulo, que foi liberado três dias depois. O que ele não sabia é que, mesmo a ação policial tendo sido encerrada, continua com seu telefone grampeado. E um dos primeiros com quem falou foi Paulinho, segundo a PF, que ressaltou em seu relatório: ;Não se trata de assunto relacionado a cliente e advogado;. Tosto pergunta a Paulinho quem poderia estar por trás da operação. O parlamentar responde que tem que descobrir. ;Tem que fazer desagravo (contra sua prisão);, pede o advogado. ;Quanto mais desagravo da sociedade civil é melhor;, acrescenta. Aparentemente, os dois parecem saber que poderiam estar sob monitoramento policial, já que o teor dos diálogos não indica referências aos desvios do BNDES, apenas mostra a vontade de Tosto de se afastar do conselho administrativo do banco, para onde foi indicado pela Força Sindical. Paulinho desaconselha e sugere um afastamento temporário. Ricardo Tosto, no meio da conversa, ocorrida às 13h22 de 27 de abril, comenta as declarações de Lula, dizendo que o presidente falou um absurdo sobre ele. ;Dá para você falar com ele?;, pede o advogado a Paulinho, afirmando acreditar que houve uma confusão. Isso, depois que o parlamentar prometeu que iria interferir na Câmara dos Deputados e pedir explicações ao Ministério da Justiça e ao superintendente da PF. Além dessa gravação, a Polícia Federal havia feito outras em torno de envolvidos, mesmo depois da Operação Santa Tereza. Nos diálogos entre Tosto e Paulinho, o advogado insiste para que o deputado interceda junto à Lula. O parlamentar parecia se esquivar diante da insistência de seu interlocutor. ;Mas dá uma palavrinha com ele de novo%u2026tenta ai%u2026;, implora Tosto. ;Tô trabalhando%u2026;, responde Paulinho. Em seguida, o teor da conversa é diferente, passando ambos a falar sobre a prisão e amenidades. Ontem, a defesa do parlamentar afirmou desconhecer as escutas telefônicas e reclamou que não teve acesso às gravações. Articulações Os grampos feitos pela PF durante as investigações de desvios em financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) revelam conversas que misturam política, fraudes e sindicalismo. Em conversas gravadas durante toda a operação, a PF identificou o empresário Manuel Bastos Filho como um dos líderes do grupo no esquema de desvios de financiamentos do BNDES. E um de seus alvos seria a Prefeitura de Praia Grande, que teve R$ 4 milhões dos recursos recebidos divididos entre seis pessoas. ;João Pedro (de Moura) conversa com Manuel diversos assuntos de grande importância para a investigação em curso e do possível envolvimento do deputado Paulinho na Organização Criminosa;, relataram os policiais. O grampo foi feito em 14 de abril. João Pedro de Moura é ex-assessor de Paulinho e um dos envolvidos na Operação Santa Tereza. Na conversa gravada, diz ter ótimas notícias. ;Manuel interrompe e diz que aquele negócio da Praia Grande entrou na conta (BNDES), mas não repassou para ninguém ainda. João Pedro pede para Manuel monitorar para eles;, diz o relatório da PF, que foi encaminhado ao Ministério Público Federal. Quando aparentemente o negócio estava acertado, o assunto passou a ser política. ;João Pedro diz que quer contar as notícias boas, que o ;nosso chefe lá de Brasília; (possivelmente o deputado federal Paulinho) tem chance de ser vice de Alckmin;, relata um documento de inteligência da Polícia Federal. ;Dois anos depois o Alckmin vira governador, se ganhar, obviamente;, diz Moura, segundo a PF, enquanto Bastos conclui que o deputado viraria prefeito de São Paulo. Clique para ler a íntegra do relatório da Polícia Federal

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